Ano passado eu elogiei muito o Tiririca, principalmente pela sua postura de subir na tribuna e falar o que lhe incomodava. O palhaço, triste, que nunca o é, desfez de sua maquiagem, tirou seu chapéu engraçado. Pediu pra Florentina não esperá-lo pro jantar. E disse, na tribuna, que estava desistindo da política e que aquilo era decepcionante. Um mundo cheio de hipocrisia, mentiras e chantagens. Pois bem. Este ano, um 2018 complicado para todos nós brasileiros, sem rumo político e com a esperança em um ex-militar meio doido, mas que defende com unhas e dentes princípios que simpatizam com a maioria dos brasileiros, o palhaço Tiririca volta com tudo. “É Tiririca de novo, para alegria do povo”. “Tá complicado, descomplica. Vote Tiririca”. E realizando vídeos daquele jeito que nós gostamos: engraçado, sorrindo, se divertindo e pedindo voto de uma forma única. Mas... cadê o cidadão Tiririca que apareceu na tribuna ano passado? Não seria a hora de o palhaço dar lugar ao político Francisco Everardo Oliveira Silva? Não seria o momento de o palhaço falar sério? Da gravata borboleta, virar gravata colarinho? Do “abestado” se tornar um político consciente e buscar, na vaga que lhe foi concedida pelo povo, como o deputado federal mais votado da história do país?

Eu o indaguei nas redes sociais. Tiririca é um dos artistas mais emblemáticos e com história sofrida do país. É um dos cases de sucesso mais estrondosos. É o tipo de palhaço que não precisa fazer nada para nos fazer rir. É um tipo de genialidade única, particular. O que não deveria ser diferente para a tribuna. Aparecer somente para dizer que não quer mais a vida política e depois voltar como se nada tivesse acontecido? Indagado nas redes sociais por várias pessoas, inclusive por mim, tive uma resposta direcionada. Ele ou sua equipe respondeu: “Tive várias ações e propostas dentro da Câmara Federal. Sempre atuante, dificilmente faltei a alguma sessão. O povo me quer de volta, por que não continuar?”. Eu resumi a resposta aqui. Porque foi a única parte aproveitável. Até agora não entendi. Não quero levantar suspeitas, mas será que Tiririca quer continuar apenas pelo salário fácil e pelas participações pífias? Não abre a boca. É ignorado sempre. Porém defende a bandeira que nunca aceitou propina, e isso acredito piamente. Mas falta alguma coisa de verdade para Tiririca deixar um pouco o palhaço de lado. Começar a ser sério quando precisa ser. Falar quando precisar falar. Ignorar e bater de frente. Pessoas públicas que deram certo, que tinham a desconfiança do povo, alçam voos mais altos. Romário é um deles, e hoje, briga pelo Governo do Rio de Janeiro, com grandes chances de ser eleito. O palhaço trocou de roupa depois dessa decisão. O palhaço se chama Francisco Everardo. E o cidadão, Tiririca, um verdadeiro aproveitador neste momento. É o que dá para pensar, é o que me resta pensar. Que os dois consigam caminhar juntos, porque ele deverá ser eleito, mas talvez não com a mesma votação de antes. O Brasil em alguns aspectos, mesmo tendo ainda a cara petista, vai mudando na sua velocidade. É difícil se livrar de uma dor de barriga que nunca passa.

Não temos mais tempo para piadas. Chega de sermos Florentinas. Chega de sermos abestados. Falo tudo isso mesmo não votando nele. Porque não me interessa a política em si, neste caso específico. Mas a contradição do candidato, que exercia o cargo e subiu, uma única vez na vida na tribuna, para se dizer triste com tudo ao seu redor.

Se eleito for novamente, o palhaço precisa urgente começar a falar sério. Até porque o Everardo já não suporta mais o Tiririca.