E mais um ano chegando ao fim. Em pleno 2012, ainda vemos situações que, se acontecem em um mundo mais obscuro, nos assustam quando acontecem em público. É um assunto que me intriga e que será recorrente o tempo inteiro. A estudante Catarina Migliorini abriu, bem como ela define, um novo tipo de negócio. E, realmente, para ela abrir o negócio, tinha que ter o capital. Aos 20 anos, leiloou e teve arrematada sua virgindade por 1,5 milhão de reais, por um empresário japonês. Ela se defende dizendo: "Se você faz isso uma vez na vida, não é uma prostituta. Se você tirar um foto extraordinária, não será um fotógrafo". E se todas as jovens virgens pensassem como Catarina, deveriam criar algo semelhante à Bolsa de Valores, podendo ser Vagina Sem Valores. Não é que eu seja tradicional, cada um faz o que bem entende. Mas as proporções do ato de Catarina, para um negócio que existe, porém em um mercado negro e assassino pelos arredores do mundo, pode trazer benefício financeiro, como também acabar com uma instituição familiar. A estudante pensa em financiar a faculdade de medicina com o dinheiro. Ótimo. Quantas garotas de programa espalhadas pelo país sustentam a família, carro, faculdade, apartamento, com o dinheiro do seu corpo? A menina deu o ouro e recebeu o dobro, está com a vida feita.
Mas quais os princípios que devem ser analisados quando o mundo é totalmente capitalista? Tudo é um produto e embalagem conta, e muito. Sabemos que se uma pessoa favelada, desdentada e semianalfabeta quisesse perder a virgindade em um leilão de tarados, certamente não teria nem um geladinho em troca. Não teria nem cotação na Vagina Sem Valores. Exatamente como um produto vencido, sem validade. Catarina sempre terá propostas para a segunda, terceira, quarta, quinta... até quando der conta, de que já vive disso, e que ganhará dinheiro não fazendo plantão em hospitais a noite inteira, mas sim realizando um plantão de alta qualidade, com vários tipos de homens. É um meio de vida que se tem muito fácil. Eu realmente ainda acredito que falta educação, família e princípios religiosos no meio deste leilão maluco. Neste ramo, ela poderia ter feito de forma secreta, assim como tantas jovens que escondem o que fazem por respeito aos pais. Segundo Jason Sisely, organizador do leilão, a moça conversou com parentes no Brasil e eles estavam superanimados. Mas animados com o que ela receberia, com o genro de três horas, o japonês rico ou com a nova (ou não) curta carreira da menina? Se ela tivesse 15 anos, eles aprovariam? Ela será a nova Surfistinha? Não se sabe.
O japonês, conhecido apenas como Natsu, deverá, por determinação honrosa da leiloada, usar preservativo, realizar exames médicos e, ao meu ver, levar um paninho. Sujar-se não seria legal. A leiloada será entregue ao comprador na data vigente e o japa poderá acompanhar a entrega pelos sites do correio. Em contrapartida, o produto vem com código de barras, embalagem novinha e no avião, se não houver máquina da Cielo, onde o japonês passará o cartão? Será no débito ou no crédito, em uma, duas, três ou quatro vezes? Bem, se for à vista, será um belo negócio, em que a menina (talvez) inexperiente ficará rica. Neste caso, eu não sei quem pagará com prazer. E em pleno 2012, entrando em 2013, me pergunto: em qual tipo de coisa ou situação o dinheiro não entra hoje em dia? Ou interfere nas relações mais seguras, sejam de amor, de empresas ou questões cotidianas? As pessoas ainda amam? As pessoas ainda têm respeito por si próprias?
O troco de Catarina será um preço muito alto. Não há dinheiro no mundo que pague o prazer de fazer amor por simples e puro amor.
Phelippe Duarte - cronista e poeta
Edição Nº 14575
Façam amor e não um depósito bancário
Phelippe Duarte
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