Eu gostava de Big Brother. Sério. Não se assustem, eu gostava demais. Só que hoje eu não suporto. Sabem por que eu gostava? (até dói escrever isso) Logo que o programa iniciava, eu já falava sobre o tema. Dessa vez nem lembrar que começou eu lembrei! Será que estou menos brother? Estou fora da vibe? Será man???
A mesmice está de volta. Abri o site da glob.com e, claro, não poderia ser diferente, dei de cara com uma notícia e instantaneamente meu cérebro lerdo ligou a área da burrice e na maior tranquilidade, estava lendo notícias de uma prova de resistência, sei lá o que das quantas. Quando percebi, já era tarde. Neste dia me deu uma sonolência tão apática, que quase pedi para meu filho Benício me levar ao trabalho, de tanta esperteza que ele já demonstra. Estarrecido, me envolvi rapidamente com outros assuntos, mas o diacho daquela prova de resistência ficava martelando na minha cabeça. Essa merda pega, é pior que se limpar no mato. Gruda. Eca.
Venho batendo na tecla há tempos que esses tipos de programa são um lixo. Batia na tecla e quanto mais eu bato, mais o programa cresce. Porém este ano a audiência do programa não depende mais de si para sobreviver. Dados comprovados mostram que algumas vezes desde sua estreia o mesmo dependeu do futebol e da novela para segurar a audiência. Independente disso, lá se vão 15 anos que esta baboseira invade nossas casas. “Os heróis da nave mãe”, afirma Pedro Bial ao abrir o show de horrores. Talvez seja o jeito de defender o seu salário, não há outra explicação. São dois lados: é como defensor de político, ou ele defende por ideologia, tão defasada e rara, ou defende porque recebe algo em troca. Este ano o debute foi inevitável. Em 2010, eu já escrevia: “É uma irresponsabilidade este programa usar pessoas e pessoas serem usadas para a exposição do ridículo, em busca de audiência, e depois dizer que qualquer coisa é só usar o controle remoto e mudar de canal. Mas o intuito não é a audiência? Então essa desculpa é igualmente ridícula como o programa. Big Brother estimula o desenvolvimento da idiotice nas pessoas e da valorização da ociosidade, na esperança de que um carro vai cair do céu numa estrada construída de dinheiro de concreto. É o sonho do brasileiro fútil hoje: ser um Big Brother e achar que pode ser ator ou atriz. Ou atriz e ator. Tanto faz. O talento é ser um ex-Big Brother. Que o programa mude de horário ou redefina o seu objetivo de alavancar audiência. Uma criança ainda não está pronta para entender o mundo livre no qual vivemos hoje. E eu ainda não me acostumei ao Big Brother. Meu interesse em gente desocupada fazendo com afinco a sua profissão predileta, que é nada, ainda não é Big o suficiente.” Jornal O Progresso, janeiro de 2010.
Digam-me, caros brothers, o que realmente mudou de 05 anos pra cá? De 15 anos pra cá? Praticamente nada. Sãos as mesmas futilidades, o mesmo desejo enorme de ser reconhecido por ser nada e continuar a ser nada logo que a fama passa. O produto entretenimento deixou de ser o Baú da Felicidade ou as Vídeo Cacetadas. O produto é vender o ser humano ao vivo debaixo de uma cama. E como tem ser humano que gosta, tudo continua na extrema normalidade. Esse tipo de gente é que elege os governantes corruptos. Paciência. Cuidem dos seus filhos, essa geração é que deve ter a nossa real preocupação. O meu, por exemplo, assiste desenhos e quando crescer, eu tentarei evitar ao máximo a sua espiadinha na profanação da TV (falei igual evangélico, mas coube no contexto), no Big Brother 2020. Escreverei de novo as mesmas coisas, pode apostar. Se Deus quiser, o programa acaba e coloquem o Altas Horas do Serginho no lugar, que é o mais inteligente. Se não acabar, são duas certezas que continuarão: os heróis na nave mãe e eu xingando todas as mães desses idiotas.
Eu gostava de Big Brother. Gostava tanto que até continuo falando bem.
Edição Nº 15239
Eu adoro Big Brother
Phelippe Duarte
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