As palavras negativas surgem aos montes em momentos desgraçados como este em que vivemos na última quarta-feira: Inconcebível, inacreditável, fatalidade, tragédia, consternação, entre outras. Eu chamaria de “assassinato do destino”.

Em um desses assassinatos do destino, cai um avião em Santos-SP. As vítimas foram Pedro Valadares Neto, Carlos Leal, Marcelo Lira, Alexandre Gomes da Silva, Eduardo Campos e os pilotos Geraldo Cunha e Marcos Martins.
Mas espera aí! Eduardo Campos, o presidenciável? Que governou Pernambuco? É, ainda soa estranho a morte do candidato à presidência Eduardo Campos, muito estranho.
Estranho não no sentido de esquema, de manipulação, como alguns por aí falam, até por brincadeira, por sinal, de mau gosto, pobre e imunda. Estranho no sentido de vida mesmo. A morte é muito estranha, os caminhos que nos levam até ela são misteriosos. Nós vivemos pra chegar até aonde?
Eduardo Campos teve uma trajetória ímpar no cenário político brasileiro. Dificilmente você tem um voto (pessoa assim chamada pelo político) que fale mal dele. Com 83% de popularidade em Pernambuco, foi o governador mais bem votado do Brasil. E aí eu me pergunto: Por quê?
A entrevista de Dilma Rousseff após a morte do presidenciável me pareceu “decoradamente robótica”, com direito a toda a antipatia que a cerca e toda a soberba que ela ainda pensa que tem. Ao ouvir outros depoimentos, o de Dilma acredito eu, não deveria nem ter existido, bastava uma nota comum “vá em paz”. Seria mais simples, bonito e gratificante. Não estou implicando com a Dilma, ela que implica com o bom senso do nosso povo, principalmente o povo que raciocina mais com a cabeça e não simplesmente com o bolso. Um dos depoimentos que mais me chamou a atenção foi o de Cristóvão Buarque, ao vivo, após a queda do avião. Cristóvão, político que sempre admirei, disse que o mês de agosto sempre apronta com o Brasil. O dia em que Eduardo morreu, 13 de agosto, foi o mesmo em que o avô Miguel Arraes, em 2005. Neste mês, completa-se 60 anos da partida de Getúlio Vargas. 
Particularmente, não sou muito fã de coincidências, tampouco da que diz que não devemos votar no 13, pelo seguinte: Eduardo Campos = 13 letras. DDD de Santos = 13, morte confirmada = 13 h... fora outras baboseiras de 13 que só o mestre Zagallo gostaria de saber. Vejo muito o fato. E o fato é que a rejeição de Dilma cresce independente da morte de qualquer brasileiro, mas temos muito o que batalhar ainda contra esse mal.
O PSB, partido de Eduardo, terá 10 dias a contar do dia de sua morte para eleger um novo candidato a presidente. Marina Silva, sua vice na chapa presidencial, é a mais cotada, porém não acredito que será, mesmo que na política as coisas possam mudar de repente. Marina já teve meu voto, mas hoje o momento não me parece ser dela, apesar da defensora do meio ambiente ser a candidata mais preparada e cotada para as eleições.
Vamos aguardar os próximos capítulos e rezar para que o PSB em sua campanha não abuse da imagem e das gravações feitas por Eduardo Campos, o que lhe é de direito, mas que não seja de exagero e falta de respeito com nossa inteligência.
Voltando aos depoimentos, o de Aécio me pareceu meio aéreo. Ele parecia assustado, meio catatônico. Meio Aéreo Neves. Não sei explicar, mas também o impacto da notícia deve ter causado algo mais complicado em seus sentimentos. Eram amigos há 30 anos. A nota do primeiro vice-presidente do Partido Socialista Brasileiro é de uma expressão de dor e compaixão muito forte. Destaco o final: “Não é só Pernambuco e sua gente que perdem seu líder; não é só o PSB que perde o seu líder; é o Brasil que perde um jovem e promissor estadista” (viu Dilma – ou seu escritor de discurso, como é fácil ser simples e não robótico?).
Eduardo Campos morre no auge do seu populismo e da maturidade política de sua carreira. Após entrevista no Jornal Nacional, com respostas firmes e tranquilas, estava feliz e consciente de que estava desempenhando um bom papel e, talvez, fosse mais do que um novo nome na disputa presidencial. Talvez estaria fazendo o Brasil conhecê-lo mais um pouco para quem sabe no futuro próximo comandar nosso país da melhor maneira possível. Bom de diálogo, seria um grande expoente para estreitar ainda mais a relação internacional do Brasil com outros países.
Morreu a esperança, mas não o legado. Revolto-me com mais um assassinato do destino e a incontestável vontade de que amanhã tudo poderá ser melhor para o Brasil. Parece que vivemos em uma guerra sem sangue. Mas, em tese, é importante acreditar na última mensagem de Eduardo Campos no Jornal Nacional:
“Não podemos desistir do Brasil”. Não Eduardo, não desistiremos. Vá em paz. O plano de campanha de Deus, com certeza, é maior para você.