Todo ano é a mesma coisa. É como um aniversário feliz, que sempre se repete. E, sim, existem coisas repetitivas que são legais de serem vividas. Revividas. Na linguagem dos namoricos, um flash back, porém saudável. Chegamos no natal de 2014 com a força de antes e as ideias de hoje. O intuito, claro, é aplaudir o aniversariante Jesus Cristo e confraternizar em família, com muita comilança e um pouco menos de sobriedade. Mas o que está acima de nossa compreensão e realidade de mundo são as pessoas que não têm o prazer de ter uma mesa farta como a nossa, nem ao menos um motivo para não ficarem sóbrios. Não é que se pensa apenas nestas pessoas carentes no natal. Aqui na minha casa pensamos todos os meses, todos os dias. Nem tão carentes, porém necessitadas, objeto maior de consumo, para quem realmente se importa com o próximo. Não fazemos nada para aparecer e sim para abastecer. Nos abastecer de energia com as doações conseguidas. Nos alimentar com cada cesta básica conseguida. Nos vestirmos com cada roupa doada. É como se fôssemos nós, os ajudantes, que estivéssemos sendo ajudados. Porque eu me importo. Meus irmãos se importam. Minha família se importa.
É inegável que façamos pouco quando poderíamos fazer muito. Passamos o ano tão ocupados, com a mente cheia, que é preciso uma data sazonal para criarmos o semblante das sobrancelhas baixas e lá dentro da cachola apertar o botão da solidariedade. A vaidade mata o ser humano. Mas a vaidade de confraternizar ajudando o irmão nas leis de Deus é a maior de todas as virtudes. Minha vaidade é ver o sorriso e a satisfação de quem eu consigo, com muito pouco, ajudar.
Desde que meu pai faleceu, há 05 anos, eu fiz uma promessa de sempre, da melhor maneira possível, levar apoio, da minha maneira, para os moradores da AMPARE. A vida da gente muda quando Deus leva alguém pra Sua Casa. Mas não pense que é só por estes motivos que devemos ajudar alguém, esperar uma tristeza para acordar. Não! Acredite, está na genética a idoneidade humana. E talvez esta tenha sido a maior herança que eu tenho recebido diariamente. Sim, é uma herança cotidiana. O natal de 2014 chegou tão rápido que parece que nem passamos ainda pelo dia das mães. Um ano em que andamos ocupados, estarrecidos, preocupados demais. E quando paramos para desejar um feliz dia das mães... ops! É natal! Meu Deus, como passou rápido.
O tempo não espera nossas decisões nem se importa com o que fazemos. O tempo também não é o senhor das verdades. É atemporal afirmar isso. O tempo é um abstrato preso dentro de um relógio que nós seguimos sem olhar para o verdadeiro marcador de tempo, que é o Sol. Sol este que não, meus leitores, não é igual para todos. O tempo, sim, é igual para todos. Então, dediquemos mais o nosso tempo para abrilhantar mais o dia de pessoas que nem sabem ao certo o rumo que tomarão em suas vidas em 2015. Se dedicarmos um pouquinho, você verá que tem muitos amigos, conhece muitas pessoas e que todas, juntas, podem fazer uma diferença monumental. Ter somente para si não é saudável. Não quero que isso soe comunista. Quero que soe como solidário e não repartição de conquistas. Pois da sua conquista você pode tirar algo. Pode sim, sabe que pode. Um gesto muda o mundo. Ou simplesmente, uma casa, ou um senhor dormindo numa caixa de papelão de ventilador, sem vento.
A nossa ação social envolve amigos que jogam bola. Fizemos duas este ano, tristes, porque deveríamos ter feito mais. O nosso mais foi pouco. Mas o suficiente para muita gente ver um Sol diferente em 2015. Tenha um natal lindo e não se esqueça: você pode ajudar, basta querer. Basta ajudar.
Edição Nº 15189
Doe-se. Doe vida
Phelippe Duarte
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