Desculpem, mas eu tinha prometido a mim mesmo que nunca mais tocaria no assunto Big Brother Brasil. Prometi mesmo. Mas os dedos são fracos. A vontade de criticar é maior que a fome de meio-dia às vezes. Não consigo entender como um “programa” consegue ficar pior. Não, o chamado programa não fica pior. É o povo brasileiro que alimenta a porcaria, a baixaria. A curiosidade de observar a vida alheia. Mas a curiosidade factoide. Fica claro que a manipulação é a grande audiência do Big Brother.
Eu não vejo mais televisão, ou programas que há décadas encantam a população. Domingão do Faustão, por exemplo, é uma rotina de domingo. E o que é mais chato é abusivo do que uma rotina? São poucos os horários que me parariam na TV. Talvez o único que me prendesse poderia ser Luciano Huck. Só que uma ponta de chatice já começa a aparecer por ali. Comentar outros canais é mais complicado. Provavelmente você ouvirá: “Hoje você vai ver, marido bate na mulher, que o perdoa e eles voltam a ficar juntos! Mas não perca: Ele colocou a condição de voltar se ela aceitasse a sua amante!”. Isto prende qualquer pessoa interessada na vida alheia.
Sei que estou sem assunto este domingo. Falar de Big Brother tem dessas coisas. Falta assunto. Vamos lá. O site Globo.com tem que seguir o que a cúpula manda. Notícias de última hora: “Jonas faz carinho e cafuné na cabeça de Renata”. “João Maurício leva bronca de Monique: Não tinha que falar”. “Yuri beija muuuuuuuuuuuito Laisa e simula voto com Jaqueline”.
São os heróis de Pedro Bial. Os participantes que conseguem defender com unhas e dentes o seu edredom, a sua sunga. Lutam, asperamente, por uma vaga na cama do líder. Buscam alternativas, a cada maldito dia, naquele Sol escaldante, na piscina horrível e cheia de lodo, para sobreviverem. Choram de saudade da família em uma casa totalmente desconfortável, úmida, fedida. Há uma década, o Brasil vê o sofrimento de homens e mulheres dentro de uma casa, onde são exaltados e venerados todos os dias pela opinião pública. Heróis como estes não precisam de capa. E sim de roupão de piscina. Não precisam de uniforme. E sim de bloqueador solar fator 50. Não ligam para o dinheiro, o grande prêmio de 1 milhão de reais. Estão ali para o Brasil aprovar e conhecer o seu caráter, a sua personalidade, a convivência diante do povo. E quando ganham um carro em alguma brincadeira difícil, de teste de paciência ou questões físicas, comemoram apenas por impulso.
É complicado ser um herói de Pedro Bial.
E o país vai caminhando, alimentando a mente privada (literalmente) das pessoas. Onde as mesmas adoram fingir que perderam o controle remoto da TV. E quando você vê crianças pedindo pra ver se o Jonas vai continuar a fazer cafuné na cabeça da Renata e o Pedro Bial afirmando que o famoso Jonas é o herói dos cafunés, é de preocupar. Isso se você não for um pai viciado nos heróis do Biaaaaaaaaaaaaaaaaal.
Chato, é muito chato. Mas não condeno as pessoas que gostam, que curtem no Facebook, que comentam nas outras redes sociais, que vivem e morrem pelo Big Brother.
Condeno a falta de criatividade na manipulação imbecil do Big Brother e na importância social incrível do chamado “programa”.
Desculpem por mais uma vez incomodá-los com este assunto. É que eu estava sem assunto.

Phelippe Duarte
Cronista e poeta