A democracia é inaceitável?

Essa pergunta nos deixa presos a vários questionamentos. Chamam a democracia de unanimidade burra, como também chamam de consenso geral. Mas quando ela pode torna-se inaceitável? A democracia prende-nos a certos devaneios populares quando, de forma grosseira, é nos imposto como um estupro comunitário a candidatura de um presidiário. E mais ainda quando a democracia, como um Capitão Nascimento segurando uma vassoura pronta pra nos torturar, mostra que o presidiário está com 39% das intenções de voto. O país: Brasil. O presidiário: Luiz Inácio Lula da Silva. Os condenados: nós, que sabemos o tamanho do bandido que ele é.

A democracia no Brasil nos deu grandes feitos. Nos salvou de uma era ditatorial onde muitos brasileiros morreram e foram brutalmente torturados. Alguns pedem de volta a ditadura, dizendo: “O Brasil teve o seu melhor momento no comando dos militares” ou também dizem: “Eu vivi muito bem. Quem causava a desordem sofria com eles”.

Acredito que atos políticos em prol do Brasil não se justificam com atos hostis, como assassinatos, guerras populares. Matando para chegar ao poder, destruindo para ter. A democracia nos salvou dessa farsa. Mas quando ficou cega, elegeu muito desqualificado. E agora quer nos empurrar um presidiário. Um homem que teve o poder nas mãos várias vezes, mas que cagou para seus atos, se achando maior que o país e maior do que todos os que o veneram. Lula hoje é um idoso simpático, pagando por seus erros e tentando a todo custo, por simples ego e na pressão popular de quem o segue, mijar novamente no banheiro do Planalto.

O país testou todo tipo de presidente. Desde o final dos anos 70, Lula anda na política brasileira, sendo eleito ou não. Quando tinha o aspecto de bandido, perdia feio nas eleições presidenciais. Quando resolveu guardar o bandido dentro de si, foi eleito. E agora preso, tenta de todas as maneiras ser maior que o Brasil. A força da democracia de Lula vem de onde? Mesmo com tanta rejeição, ele consegue ser líder das pesquisas presidenciais. Mesmo atrás das grades, ele age como um político solto, enviando cartas para serem publicadas no Brasil e no exterior. O mundo em que vivemos não vota no Lula. O mundo onde vivem as pessoas miseráveis, pobres, sem muita instrução, são 90% da força de Lula. A prisão dele reorganiza o ser humano Lula para a condição de mártir, de mito das camadas sociais. Veja que o mundo inteiro olha para o Brasil com desconfiança. Sem percebemos, Lula transformou o grupo de milhões de pessoas que votam nele numa religião, numa seita. Cegos pelas medidas populares, que não enxergam o tamanho do crápula que se transformou o velho metalúrgico de antiga ideologia respeitável.

A verdade é que Lula está impugnado. Sua candidatura registrada, mas pela lei da Ficha Limpa, ele está impossibilitado de concorrer. E eu não creio que, se continuar assim, os amantes do Lula irão embora do país. Mas também acredito que, ao fim das eleições, Lula sai da cadeia. Se eu acho golpe? Não. Mas que me parecem segurar ele para não vencer as eleições... e que continuem segurando. Enquanto puder ficar preso, que fique.

O candidato mais forte abaixo de Lula é Jair Bolsonaro, que defende algumas ideias que eu defendo, mas que de forma estapafúrdia as declara pelo país. Grita mais do que explica. Representa uma revolta brasileira que muitos compram, mas poucos acreditam. Num debate entre ele e Lula hoje, Bolsonaro ganharia apenas pelo fato de Lula estar preso, e esta situação é uma grande arma, do jeito que Bolsonaro gosta. Estamos perdidos. Em nosso mundo, procuramos solução em um candidato que defende os costumes da família, os princípios religiosos, que defende a tese da qual bandido bom é bandido morto, mas que, de repente, pode explodir o Brasil sem ao menos apertar o detonador. Do outro lado, um ex-presidente que vê no Sol quadrado de sua janela 39% de intenções de votos, sumir no calar da noite e caindo no colo de Ciro Gomes, um Bolsonaro inteligente, mas com certos espasmos de loucura. No final desse pleito maluco, a única certeza que temos é que, se Lula fosse solto e eleito novamente, ele provaria que a democracia do povo dele é mais forte que o judiciário brasileiro.