Uma criança não sabe direito, ainda, o quanto o mundo é perigoso quando nasce. Primeiro abre os olhinhos, meio tortuosos pelo costume de morar na barriga da mãe. Parece ainda que tudo é escuro e que o abrir e fechar da boca, de forma meio automática, é uma procura incessante de alimentação, até o primeiro toque ao seio. Depois, a criança começa a dar sinais de evolução, já esboça reações e no meio de tantas pessoas, começa a identificar os pais.
A pureza de uma criança não aparenta nada mais do que a natureza do crescimento da vida. O que determina, então, o comportamento passivo ou violento que esta mesma criança possa a vir apresentar um dia? Eu acredito severamente na educação que se é dada e no ambiente no qual a criança é criada. No que lhe é ensinado e no que acontece ao seu redor. E é exatamente quando sua percepção de certo e errado, de comum e incomum, e de regras impostas à sua personalidade, começa a aprimorar suas decisões, é que vemos quem esta criança pode se tornar. Eu sou a favor da redução da maioridade penal para 16 anos, porque o Brasil chegou a um ponto no qual temos que arrumar a cagada inteira que não foi feita, por exemplo, há 16 anos, tomando como exemplo a idade que se propõe. Partimos primeiro do que eu acho correto, são duas linhas de raciocínio:
1ª. Educação - Uma criança bem educada tem mais chances de não virar um estuprador, assassino e delinquente do que uma criança criada no meio da violência, da enganação, do tráfico de drogas. Cria-se dois mundos diferentes, o da criança pura e educada e o da criança pura, porém em um mundo em que matar é costume e roubar é alimento ou prática esportiva. Educar é a chave para o futuro de uma nação. Para isso, você precisa mexer nas engrenagens de um país corrupto como o Brasil, para que possamos salvar as crianças de hoje, de um futuro incerto a partir dos 16 anos. Foram gastos mais de 8 bilhões com estádios para a Copa do Mundo 2014. 8 bilhões. Hoje, os estádios estão desesperados para conseguir qualquer tipo de evento que possa no mínimo pagar a conta de luz. Imagine o que 8 bilhões não fariam na educação desse país? Na saúde, na erradicação de tantos males... por mim, poderiam usar os estádios como cadeias, já que as prisões cresceram tanto no país e superlotaram os pavilhões dos bandidos. Ao menos, quem tem pena de bandido poderia vê-lo num lugar novo.
Se o governo jogasse esses 8 bilhões na educação, talvez nem estaríamos discutindo hoje o que poderemos discutir novamente daqui a 20 anos, a mesma coisa, ou até mesmo a redução para 14, do jeito que a coisa anda... e por aí vai.
2º. Punição - A punição a um jovem de 16 anos também é uma forma de educação. Prender um adolescente que estuprou e matou, como os quatro jovens que agrediram brutalmente outras quatro jovens em Teresina, faz o Brasil se sentir mais seguro. Se você não sabe, este foi um caso que aconteceu recentemente. Quatro moleques estupraram e amarraram as jovens, uma delas morreu dez dias depois na UTI. Um adulto estava envolvido, de 40 anos, e também foi preso. A mãe de uma das meninas estupradas disse que espera que os jovens mudem um dia, pois ainda dá tempo e que o adulto tenha a punição mais severa possível. Ser complacente com apenas 03 anos de pena para jovens, em um crime como esse, é ser a favor de que um dia este acontecimento possa acontecer na sua casa. Um jovem de 16 anos já vota, já decide presidentes, já entende uma linguagem. A punição dele é a merda de político que ele pode ter escolhido, como uns 40 anos de cadeia é o suficiente pra ele pensar se voltará a matar alguém. Sairá novo ainda, 56 anos. Se ficar pior, aí é outra questão a ser discutida, como a estrutura carcerária.
A redução da maioridade penal pode até não diminuir a violência. Acredito que nem fará tanta diferença. Pois temos um código penal e lá diz que é proibido matar. E só o que assistimos todos os dias são as leis da Constituição, dos homens e de Deus serem queimadas como papéis velhos todos os dias. Mas nós saberemos que, de certa forma, bandido não tem idade depois do primeiro delito, mas terá a punição que o seu crime merece. O choro de uma criança quando nasce é pelo fato de ter saído do melhor e mais seguro lugar do mundo. Quando uma criança nasce, a nossa esperança renasce.
Eu tenho um filho e é nele que vejo o futuro da minha cidade, do meu Estado, do meu Brasil. O nosso legado terá decisão importante neste futuro.
Edição Nº 15355
Como será daqui a 16 anos?
Phelippe Duarte
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