Hoje, o Coelhinho da Páscoa não tem motivos para comemorar, mas pode ser a única válvula de escape do nosso domingo. Mas está difícil. O que lhe resta para entregar, é um tipo de chocolate mais do que amargo, sem gosto e sem sabor. Que deixa cárie por onde passa, que impregna no toque ao paladar. O Coelhinho da Páscoa não sabe o que fazer. Esta entocado, com seus 300 filhos, e a cenoura, começa a faltar. ‘’É melhor ficar quieto do que me arriscar lá fora’’, ele pensa. Enquanto seus filhos começam a passar fome, com a cenoura acabando, e ele sem trabalhar, sem poder sair da toca, o Coelhinho escuta Jair Bolsonaro chamando-o para entregar seus ovinhos... mas não dá. O chocolate está mais do que amargo, e seus filhos, precisam de cenouras e não de sorrisos em vão.
Com a toca cheia, o Coelhinho passa dias e dias apertando o bigode e apontando o nariz pro chão. Apesar do agro não parar, o símbolo da festividade dos ovos da Páscoa, está perdido. O presidente está do seu lado, mas o dono que comanda a sua terra, não o permite sair, de forma alguma. O primeiro filho do Coelhinho acaba de morrer de fome. A Páscoa, é o ganha cenoura dele de cada dia. Ele sabe do problema do vírus que assola o país e o mundo. Mas ele sabe que os impactos do isolamento econômico, podem ser fatais para o restante dos seus 299 filhos.
O Coelhinho pode ir à farmácia, ao banco, ao supermercado, as lotéricas... mas não pode trabalhar, porque o vírus está somente no seu trabalho. Assim parece ser. As cenouras que nos restaram são imagens de um passado recente. Avisaram ao Coelhinho, que o mercadinho está aberto. Tudo está normal, até loja não essencial, na visão do dono da terra. O Coelhinho pensa, que essencial é tudo, pois tudo faz parte do comércio. O Coelhinho vê a situação como grave de saúde, como também sabe, que não estamos preparados para esta pandemia. A corrupção surrupia a verba da saúde, e quando acontece uma loucura dessas, os hospitais não dão conta. Estádios viram hospitais improvisados. Porque a nossa saúde não comporta e é quebrada. ‘’Papai, estou com fome’’, falou o Coelhinho número 189. Seu pai então responde: ‘’ O papai não pode trabalhar na Páscoa, porque se trabalhar, dizem que fico doente, mas doente já me sinto, ao te ver assim meu filho’’.
Pernalonga encosta no Coelhinho, é diz: ‘’ Aí velhinho, temos que ficar isolados. Você sabe que é perigoso’’. O Coelhinho responde: ‘’ Mas você é um Coelho famoso. Bem de vida. Pode ficar em casa. ‘’ Pernalonga então, levou algumas cenouras para o Coelhinho da Páscoa. Porque as doações é que vão salvar o mundo neste momento. Mas até quando, Pernalonga poderá ficar doando suas cenouras?
Hoje, a nossa válvula de escape, é saber que somos todos Coelhinhos da Páscoa, com a cenoura acabando e os filhos começando a pedir o que talvez, daqui uns dias, não se poderá dar. A força da nossa coragem, da nossa saúde, vem do suor que o isolamento, está enxugando. O isolamento precisa mostrar urgentemente resultados. Porque senão, o que vai nos restar, é pegarmos nosso narizinho e sair da toca. O cheiro de preocupação, começa a ficar forte e o Coelhinho já responde triste a canção:
‘’ Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim?’’
- Nenhum ovo, nem dois, nem três.
“ Coelhinho da Páscoa, o que mais você tem?’’
- Esperança meu filho, e esperança, não enche a pança.
Phelippe Duarte –
Administrador e Publicitário
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