Ele calou-se para sempre. Chávez sucumbiu ao câncer, talvez a única força da natureza ou a maior possibilidade de lhe tirar do poder. Não necessariamente o povo venezuelano precisaria de algo maldito como o câncer para ter em seu país a chance de respirar novamente. Chávez poderia ter morrido de outra forma, em alguma revolução do povo, ou de alguns alunos ou emissoras de rádio e tv que ele mandava fechar ou usava-os para disciplinar através da tirania. O presidente venezuelano foi um dos maiores ditadores da América do Sul. Morreu dizendo que a história o absolveria. Morreu falando muita besteira. Falou muita asneira durante uma vida de egoísmo, patriotismo, hipócrita e um populismo doentio. Populismo que transformou-se nas veias do ditador, marchando dentro de seu coração como soldados em uma causa sem sentido em uma briga própria. Os ditadores do mundo sempre revolucionam em favor do seu umbigo. Tentam a todo custo modificar as normas e as regras atuais do seu país e se houverem países aderentes, que ame-o ou deixe-o. Se o deixarem, são inimigos. Ou, nas palavras de Hugo Chávez, porcos imperialistas, burgueses imundos. Político emblemático, problemático, revolucionático, lunático. Mas que ficará marcado na história. Da Venezuela. Quiçá tantas frases ou afirmações democráticas antes das eleições e a de que passaria o poder da Venezuela em cinco anos, Hugo teve o caráter falastrão. Financiava as FARCS, uma coisinha ali outra acolá, mas não pode ser chamado de um ditador sanguinário, genocida. Chávez teria até um estilo Pilatos, lavando as mãos por atos impensados de seus (pentelhos) puxa-saco. Mas não é pra tanto. Vejo-o e acredito que morar no Brasil, em uma falsa e burra democracia, faz-me sentir melhor. O país presidido pela mulher que roubou o coração de Chávez, de acordo com suas palavras e frases bobas, inúteis. As perdas na política são efêmeras quando o político aprisiona o seu povo numa prisão sem grades.
À luz dos acontecimentos na Venezuela e focando no efêmero, a música do ano escolhida pelo público do Domingão do Faustão foi a chamada “Camaro Amarelo”. Doce, doce, doce, como um discurso tórrido de Chávez, a música não diz, não é nada e não comunica nada. Serve para enriquecer uma cultura pobre que toma conta do Brasil. Logo depois da escolha deste clássico amarelo, o vocalista da banda Charlie Brow Jr. foi encontrado morto dentro do seu apartamento em Santos. Um nome conhecido no rock morre após “Camaro Amarelo” ser a top music besteirol entretenimentos. Coincidência, loucura ou comparação tola deste mancebo, Chorão foi um poeta alternativo. No seu caso, daqui uns 200 anos iremos lembrar de letras como “O jovem no Brasil nunca é levado a sério, eu vejo na tv o que eles falam sobre o jovem não é sério, não é sério”. Ou até mesmo “Eles dizem que é impossível encontrar o amor sem perder a razão. Mas para quem tem pensamento forte, o impossível é só questão de opinião. E disso os loucos sabem, só os loucos sabem”. Chorão não foi um gênio da música, nem compôs grandes letras que mudaram uma geração. Mas ele fez parte daquele quadro de poetas loucos, que não precisam mudar ninguém. Apenas fez as pessoas refletirem e raciocinarem. E isso é muito. E daqui a 200 anos, o prêmio de melhor música de 2012 de “Camaralo Amarelo” servirá de papel de criado mudo, embaixo da fotografia daqueles malucos dançando de smoking no Domingão do Faustão. Não sei como aquela calça do smoking não era de couro e os sapatos, botas de pele de cobra. E daqui 200 anos, ainda teremos alguns chorões lembrando de Hugo Chávez, como o grande socialista da América do Sul. Ele será, sim, lembrado. Mas como um grande poeta político, escritor de suas próprias leis de amor patriótico. Descanse em paz, Chávez! Descanse em paz, Chorão! Pelo amor de Deus, descanse em paz, Camaro Amarelo!
Phelippe Duarte – Cronista
Edição Nº 14649
Chávez, Chorão e Camaro Amarelo
Phelippe Duarte
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