Eu queria muito entender o motivo de tanto descaso com Imperatriz. Por um tempo nós sentimos na pele como é viver sem água, como algumas cidades fantasmas do Maranhão, que água não têm, e é nunca. O Maranhão sofre um descaso pelos seus terceirizados. E o fantasma da água nem limpo é.
Até menino que não gosta de tomar banho está incomodado. Você passa nas bancas de revista, só tem a do Cascão. Dizem que o departamento de Maurício de Sousa que cuida do Almanaque do Cascão vai introduzir Imperatriz como um dos lugares preferidos do fedorentinho famoso. É rir pra não chorar. Porque, se chorar, desperdiça água.
Somos quase 300 mil habitantes. Na verdade, ninguém sabe ao certo. Mas de um “quiçá”, podemos dizer 260 mil pessoas. A água vai e volta da torneira, como se não quisesse sair. Uma corrente da natureza sugere que devemos impor à Caema nossa indignação perante os boletos que vêm corretamente, mas sem água corrente, decente. Água que é da gente. Água que vem suja de incompetência, de absurdos que nós talvez nem conhecemos. Há tantos anos mendigando por água e a solução é cair no poço. É amigos, pela primeira vez, cair no poço não é mais brincadeira de criança, é uma verdade não muito distante.
Até dizem por aí que a camisa cheia de sangue do Waldomiro, que opera milagres quando você passa em alguma enfermidade, está vindo num avião do exército para limpar os tubos da Caema. Dizem que, uma vez passada a camisa ensanguentada, os problemas são resolvidos. Estilo Tabajara, Casseta e Planeta. E tem gente que aposta um balde de água nisso. O que não me espanta é ver parte da politicagem começando a aparecer em cima do assunto. A Caema está há vários anos fazendo cagada e somente nas grandes diarreias é que os caras aparecem. “Estou fiscalizando sempre”, “Estamos acompanhando o processo com bastante cuidado”, “Em São Luís, na busca de ajuda”. Se você for em São Luís e encontrar um deles por lá, o motivo da viagem quase consegue se passar por trabalho. Nós somos reféns de toda essa porcaria, essa é a maior verdade. Somos prisioneiros de um sistema nojento, onde a qualquer hora podem acabar conosco, sem nem piscar. Sistema falho, inoperante. Daqui uns dias, deve vir campanha contra desperdício de água. Mas como vamos gastar água se a cada seis meses, ou menos, ficamos sem? O fato de desperdiçar água às vezes não muda a falta de respeito que nos é imposta. Ano letivo sendo adiado, crianças perdendo aula. O bom é o aumento de vendas de desodorante. Estamos quase uma Paris. Vivendo de perfume.
A cidade não vira caos, pois temos ainda boa gente que ajuda o próximo. Algumas pessoas têm poço em casa e, como eu disse acima, o negócio é cair dentro do poço. Aproveitar cada gota de chuva na cidade e colocar balde na porta. Imperatriz sem água é o mesmo que voltar à imagem do rio Tocantins seco. Agora imagine você, sem água por uns dias... e quantas cidades no Maranhão não têm água nem por alguns dias?
Cascão, vem pra cá, filho. A Torre Eifel agora é na Beira Rio e você irá receber a chave da cidade.
Pelas mãos da Caema.
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