O ano de 2019 mal começou e o primeiro entrevero no governo. E me parece que Bolsonaro não está agindo no caso específico que vou citar, como Presidente da República. Age como um candidato, que guarda rancor de ataques. Político é abrangente não é pra agir como demente. 

O imbróglio envolvendo Gustavo Bebianno foi mais além do que deveria. Um chuvisco que virou uma tempestade, claro, com os incentivos da oposição, que parece ter geral. O fato é que: Bebianno marcou uma reunião com alto escalão da Globo. Na transcrição da conversa com seu ex- aliado, Bolsonaro dá um ultimato, mas nós temo três análises:

"Gustavo, o que eu acho desse cara da Globo dentro do Palácio do Planalto? Eu não quero ele aí dentro. Qual a mensagem que vai dar para as outras emissoras? Que nós estamos se aproximando da Globo. Então não dá para ter esse tipo de relacionamento. Agora… Inimigo passivo, sim. Mas trazer o inimigo para dentro de casa é outra história. Pô, cê tem que ter essa visão, pelo amor de Deus, cara. Fica complicado a gente ter um relacionamento legal dessa forma porque cê tá trazendo o maior cara que me ferrou – antes, durante, agora e após a campanha – para dentro de casa. Me desculpa. Como presidente da República: cancela, não quero esse cara aí dentro, ponto final. Um abraço aí."...

A primeira impressão é a de que o Presidente não quis a presença do alto escalão da Globo, para manter uma certa igualdade de comunicação e trabalho com todas as outras emissoras do país. O pensamento presidencial, é até correto. Na segunda impressão, o candidato Jair Bolsonaro fala mais alto, perde o sentido. Quando ele chama de inimigo passivo, um cara que o ferrou antes, durante e depois da campanha, ele não pensa como político, como presidente. Raciocina como um esquerdista, que é o que ele combate. E terceiro, Jair Bolsonaro precisa de um assessor que diga a ele que um político que odeia a Globo, lembra  integrantes do PSOL e de outros partidos, que o odeiam. Vejo que disseminar e separar no cargo que ele exerce, tomando decisões em cima de rancores, não condiz com os rumos que ele mesmo prega ao país: igualdade social, liberdade de imprensa, e por aí vai. Mesmo que Bebianno tenha marcado essa reunião com motivos duvidosos e sem o seu conhecimento, a forma de lidar com isso não foi a oportuna. Mas você pensa: foram áudios vazados. Em rede nacional, Bolsonaro não falaria como ficamos sabendo. Claro que não! Ali foi uma conversa informal, mas que mostrou como Bolsonaro vai agir com quem lhe virou a cara ou quem ele acha que o atacou na campanha de 2018. Vale ressaltar ainda, que a escolha de demitir Gustavo Bebianno, é justa. Não convém cultivar problemas por quatro anos. Se deu errado em 30 dias, adeus, cai fora.  Para o posto do ministério da secretaria geral, mais um General. A confiança de Jair Bolsonaro no Exército é explícita.

Em contrapartida aos áudios de Bolsonaro, a Globo diz que não tem inimigos, e que a visita do seu executivo ao ex- ministro Bebianno, é normal e comum na agenda do mesmo. A Globo defende ainda um jornalismo independente, sem atacar diretamente A ou B. Mas no dia em que Bolsonaro foi na bancada do JN como candidato, o B escolhido não era de Bonner não... o ataque com perguntas evasivas e uma certa postura ofensiva da jornalista Renata Vasconcellos, mostrou bem o comportamento da emissora com Jair Bolsonaro. O que não pode é Bolsonaro, cair nas armadilhas da emissora. Hoje ele é Presidente da República. E deve ser relevante o seu pensamento, ao nível do cargo que ocupa. Chega de Dilmas, Lulas, antas, mulas. Vamos ser inteligentes, sem separatismo por egocentrismo. Não um jogo. Não é Globo x Bolsonaro. Todos devemos caminhar juntos, mesmo que a oposição continue sem assuntos, a se vestir de laranja para aparecer, vide a turminha do PSOL.  Cabeça no lugar Presidente. Os dias de luta já começaram. E não precisamos guerrear contra nós mesmos, por mais que alguns mereçam um tirozinho.