Carlinhos Cachoeira é Carlinhos Pingo D’Água perto do mensalão. Demóstenes Torres, o honesto, é quase um Justo Veríssimo perto do mensalão. Maurício Marinho, diretor dos Correios, que recebia R$ 3.000,00 de propina de empresários interessados em licitações, é praticamente um precursor da história do mensalão perto de Roberto Jefferson, o herói mais cara de pau de todos os tempos. Cara de pau necessário para mostrar o abismo e a imbecilidade do povo brasileiro. José Dirceu é um monumento do mensalão. Uma estátua da liberdade-política, que a maioria dos políticos conseguiram ser, mesmo após tantas denúncias impactantes, fortes e chocantes. Porém comuns, olhando para o âmbito brasileiro de corrupção. O esquema sempre foi normal: Dinheiro público desviado para pagar bases partidárias. Criação de quadrilhas, com a inocência de que não era formação de quadrilha, corrupção ativa, e eu adiciono, passiva e reflexiva, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Mas o que tem esta crônica a falar de novo do mensalão, após sete anos que o mesmo eclodiu e que o cheiro de dinheiro sujo apareceu dois anos depois do primeiro mandato de Lula ter começado? Simples como roubar do povo. Os réus do mensalão atuam para retardar o julgamento no Supremo Tribunal, esperando os crimes prescreverem. E conseguirão. O partido dos trabalhadores ainda está no poder. E ainda estará quando as decisões começarem a ser tomadas. Para evitar a vitória dos canalhas, o jurista brasileiro Carlos Ayres Britto afirma que “Há risco, sim, de prescrição de algumas imputações. Mas, uma vez disponibilizado para julgamento, vou colocá-lo em pauta 48 horas.”
O mensalão rasgou praticamente todo o bom senso e a falsa inteligência brasileira. A oposição à época calou-se no limite do rabo preso. O medo de impor a Lula um impeachment era o seguro menos alarmante do que receber verba pública. Todos se calaram. O barulho do silêncio tornou-se ensurdecedor, ao ponto de as denúncias continuarem e o presidente reeleger-se, enriquecer a empresa do filho, a Gamecorp, que do nada passou para milionária em poucos anos, além, claro, de enriquecer aliados e companheiros, e o maior mérito do até então presidente brasileiro e presidente de honra do mensalão: eleger Dilma Rousseff. Nem Duda Mendonça imaginaria uma campanha e um mandato tão maliciosamente nefasto e que ao mesmo tempo que transformava-se em chacota aos olhos dos críticos, imprensa e demais mudos e surdos, Lula caía nos braços do povo como se nunca houvesse um esqueminha bobo de corrupção, nem uma lavagem de R$ 10,00. O homem saiu mais forte e levou consigo um tumor cancerígeno na laringe. O que, infelizmente, contribuiu mais com a sua popularidade. Graças a Deus, o homem Luiz Inácio foi dado como curado pelos médicos.
Por outra vertente, nós estamos infectados e sem processo de cura para o julgamento final. Ainda não há cura para o mal que nos assola e impregnou-se na vida política do país. O mensalão foi um marco decisivo na..???. O mensalão não mudou nada na forma política brasileira. A grande ousadia dos juristas brasileiros envolvidos em inocentar os falsos inocentes, e que se reelegeram pelos braços do povo falso inteligente, nas últimas eleições, é condenar a impunidade destes palhaços. Palhaços não, regentes de circo.
Palhaços somos nós. Importante é frisar que muitos recebem o nariz vermelho, envergonhando a classe dos palhaços, em troca de auxílio do governo. E é uma pena que não temos data para mudar tamanha obra circense. Perto do mensalão, Carlinhos é Pingo D’Água. Estas corrupções “menores” afastam nossa atenção do maior esquema da história do país. A real cachoeira de denúncias é saber que o mensalão continua trabalhando. E que nem chegou ainda a ser julgado por já ter sido empregado.
Phelippe Duarte
Cronista e poeta
Comentários