Nós nunca saberemos as próximas palavras que iremos escrever, porque os pensamentos correm com uma força tão veloz que fariam Usain Bolt parecer uma lesma com cãibra. Digo isso porque, há alguns domingos, eu pensava que hoje escreveria sobre um assunto em que pensava ser o ideal, e nem sempre o ontem é o idealismo correto. O que fizeram sexta-feira em nossa cidade foi histórico. Adoro falar sobre música. E este é um assunto do qual não corro. Neste quesito, também ganho de Bolt. O show de Humberto Gessinger, ex-Engenheiros do Hawaí, com sua renda voltada para o assistencialismo, é algo inédito em Imperatriz e me emociona.

Pausa. Me perdoem por essa, mas tenho que comentar:

Você escuta as músicas do rock nacional e, infelizmente, lembra que a Globo premiou como música do ano (fui pesquisar para anotar aqui) K.O, do Pablo Vittar, do qual Faustão ainda chamou de Pablo Villar. Faustão não sabe o tanto que ofendeu o grande cantor Roberto Villar, autor da música Profissional Papudinho. Assim como Faustão, eu também prefiro o Villar. O troféu é apenas jogo de interesse entre quem está na popularidade para com a Globo. Nada demais. Quem perde um troféu desses não deveria importar-se tanto. Somente um tapinha no ego, e só. É como ressaca, logo passa. A música brasileira pede socorro. Mike Tyson, nos seus melhores dias, fazia melhor uso da expressão K.O. É aí que a Antiquarius entra no ringue novamente.

O retrato musical do rock por aqui, com o show de Humberto, ressuscita bandas que fizeram sucesso local e regional e que, para muitos, tinham se separado sem chance de voltar. A Antiquarius parece que nunca deixou de existir. No coração dos irmãos Junior e Daniel Marra e do inseparável amigo e baixista da banda, Leonardo Gomes, mora a cozinha da banda. Com a união desta trinca, que nunca separou-se nos bastidores, mas somente dos palcos, parece que vemos uma luz no fim do túnel, numa noite (e eu já escrevi sobre a noite imperatrizense) cada vez mais cercada do mais do mesmo. Não falo somente pelo meu gosto musical ou pelo prazer de ver um rock bem cantado, uma guitarra bem tocada. Mas de ver uma antiga novidade ressurgir como se nunca tivesse partido. A sensação que me acomete é que os meninos que colocaram mais de 15 mil pessoas na Praça da Cultura no lançamento do Cd Alimento guardam dentro de si um potencial que, se não explodir agora, podem ter certeza, que é uma bomba relógio com hora marcada. Quando tivemos o show do Jota Quest, a Antiquarius abriu para os velhos conhecidos de muitas viagens que fizeram pelo Brasil. Talvez dali tenha nascido a semente de que vale sim a pena acreditar no que sentimos. Não podemos deixar morrer o que vive dentro de nós. E se nos caras da Antiquarius, a voz e som teimam em gritar no último tom, por que não subir de novo naquele velho palco e mostrar que nem tudo está perdido?

Parabéns para quem teve a iniciativa de um show desta magnitude ser beneficente, sou apto clamoroso desta ação benevolente. Parabéns ao Faustão por lembrar do Roberto Villar. E parabéns à Antiquarius, que amadurecidos, sabem que não é preciso correr atrás do sucesso quando o mesmo encontra-se em cada música que eles cantam.

“Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos”. Acho que o Friedrich Nietzsche escutava Antiquarius.