Neste domingo é realizado o Arraiá da Ampare. Mas você sabe como esse Arraiá é o mais importante da nossa cidade? Esqueça Arraiá da Mira. Esqueça festas juninas grandiosas, pomposas. Estamos falando do Arraiá da Ampare. Uma festa que é comemorada não pelo prazer de uma fogueira. Mas pelo simples fato de ver uma fogueira, aquecendo a vida de várias pessoas por um determinado período de tempo. E quando a lenha dessa fogueira  começa a desaparecer, pequenas ações continuam deixando a brasa quente, para que o fogo nunca deixe de existir. Arraiá da Ampare. É DOMINGO!

Na quadrilha que se apresenta, você nota a presença não somente do amor à cultura mundial, que é o São João. Mas a pequena fagulha de satisfação, por estar ali, por saber que a casa da Ampare, está tendo alegria. Pessoas que sabem que ali, pode existir um sorriso, ao invés da constante dor e sobrevivência.

Nos olhos dos voluntários, a certeza de que cada ação promovida, e cada real arrecadado, vai fazer a diferença para cada sobrevivente. Os esforços não remunerados, são pagos com um simples obrigado, e a satisfação de quem sabe, que fez algo de bom em um mundo repleto de pessoas egoístas e ruins. Alguns acéfalos perguntam: mas por que o São João? Por que precisa ter uma data específica para arrecadar fundos? O Natal já se faz tanto...ah não vou não, caro demais a comida!  A mais pura verdade, é que deveria ser mensal a ajuda de todos. Mesmo que a menor das ajudas fosse um saco de arroz. As necessidades para se manter uma casa como a Ampare vão muito além das festas de São João. E por muitas vezes, a casa da Ampare, tem mais cheiro de casa e de família do que dessas pessoas mesquinhas.

Papete, um dos maiores símbolos culturais do nosso Maranhão, tem uma música que para mim define muitas situações do cotidiano. É uma letra que não se refere apenas a cultura do bumba meu boi. Por trás das palavras desse músico extraordinário, existe um sentido, uma essência que nos faz repensar várias situações. E a Ampare, é uma delas. O trecho que eu cito, transcrevo:

Meu São João.
São João, meu São João
Eu vim pagar a promessa
De trazer esse boizinho
Para alegrar sua festa
Olhos de papel de seda
Com uma estrela na testa.Chora, chora
Chora boi da lua vem pedir 
uma esmola
Pra quela boneca de anil
Mamãe eu vi boi da lua
Dançar no planeta do Brasil.

O boi da lua vem pedir uma esmola para aqueles sobreviventes que parecem uma boneca às vezes: sem vida, olhos negros fixados pro nada... Mas quando o choro de alegria chega, a dança é completa. O país fica em festa. O planeta aplaude. A Ampare recebe o boizinho com uma estrela na testa e os olhos negros, viram olhos de papel de seda. A promessa nunca pode ser paga. Devemos manter o débito em aberto, lembrando sempre que temos uma dívida de amor para o próximo. Ampare essa festa. Nos vemos lá.