Esta é a 3ª parte da história da minha avó Linda, que completará 80 anos na próxima semana. Leiam! Se não quiser, também leiam!
Então, a vida e seus percalços. Aquelas nuances que eu gosto de citar, aquele ponto fora da curva, a reta que nunca é reta. Os anos 70 começaram para minha vó Linda da melhor maneira possível, com o nascimento da filha caçula Concita. Na época, Imperatriz era uma cidade próspera e já vista como uma cidade acolhedora para os novos cidadãos que chegavam. Mas a vida tem as suas particularidades.
No final dos anos 70, mais precisamente no dia 05 de agosto de 1977, quando Concita ainda tinha 06 anos, completaria anos em dezembro, o grande amor da vida de Linda, Sebastião Curt, morreu com um infarto fulminante. Mas o seu coração nunca deixou de bater. Mesmo abatida, a família carregou os pedaços do coração de Curt pela vida inteira. Partida inesperada, repentina, deitado na rede... deitado para sempre. Linda sofreu e dizem que sofre até hoje. Neste mesmo ano, Alda Olívia, a filha mais velha, tinha completado 15 anos de vida. Teve uma festa linda, e dançou com seu pai a famosa valsa, daquelas para ficar na memória para sempre. Inesquecível. A vida e suas nuances... Não esperamos pelo ponto fora da curva, mas sabemos que ele existe e está ali na espreita sempre. O grande amor da vida de Linda partira e sem ao menos dar adeus. Contam suas filhas que na manhã do dia em que faleceu, ainda tentou dar uns agrados em Linda... seria uma despedida? Não sabemos. O que ficaram foram os ensinamentos, a famosa valsa e o amor que unia aquela família. Linda, então, teve que se deparar com um recomeço: criar sozinha os cinco filhos.
Olhando para frente, ela batalhou. E como batalhou. Com a força das irmãs Zeca, Maria das Graças e Dulce na educação e criação dos filhos, Linda cuidou dois anos da oficina de Curt. Fez salgados para vender. E vendia suor, lágrimas e tudo o que uma mãe pode e não pode para deixar os filhos bem, sadios e amorosos, mesmo sem a presença do pai. Histórias como estas nos fazem pensar em nunca desistir quando as coisas se tornam difíceis. Mesmo que a cruz seja pesada, não importa o peso em nossas costas, mas a forma como vamos sustentá-la e erguê-la, a cada vez que cair sobre nossos ombros. Deus não abandona as pessoas boas. Quando Ele aparentemente, num pensamento humano que coloca a sua fé à prova, deixa as pessoas boas sozinhas, é quando Ele está mais por perto, para dizer que tudo ficará bem.
Essa fase da vida de Linda, então com seus 40 e poucos anos, fez a mulher Linda amadurecer bastante. Fez com que sua fé aumentasse e sua força de vontade nunca se abatesse. Desde a morte de Sebastião Curt, Linda nunca mais teve outro homem, a não ser seus filhos Paulo Sérgio e Bastico. Talvez a vida para ela neste sentido não tivesse mais interesse, ou pelo fato de cuidar dos 05 filhos, não poderia lhe sobrar tempo para dar atenção ou viver outros sentimentos. A verdade é que o seu luto eterno é uma das maiores provas de amor que já vi. E isto é parte do complemente de todo o amor que sentimos por ela. Domingo que vem, tem mais Linda! Mais superação, netos e bisnetos, mais superação, e a vida sempre sendo abençoada! Aguardem fortes emoções!
#linda80
Edição Nº 15521
- 3 - Uma partida, um recomeço
Phelippe Duarte
Comentários