Aproveitando do espaço, para transcrever uma CRÔNICA de Gilberto Amendola (Um Mundo Sem Bar), que por sinal tem alguns traços com a Confraria – Segue abaixo a narração:
...Eu não quero viver em um mundo sem bar. Não sei qual vai ser o novo normal depois do fim da quarentena. Mas, definitivamente, não quero viver em um mundo sem bar.
Não é pelo álcool, acreditem. Se fosse só por beber, ficaria em casa com meu estoque de garrafinha. Não tem nada a ver com porres, ressacas ou qualquer comportamento autodestruitivo.
Ao contrário, amigos. Bar é a celebração da vida, do amor, da inteligência e do companheirismo. No final da linha evolutiva traçadas por Darwin podem apostar o que se vê é um homem sentando no balcão de um bar, tomando sua cervejinha em paz.
Sem bar, o que nos resta é o meteoro (ou a pandemia).
Bar é igreja, startup, salão de beleza, consultório Psiquiátrico, UTI, SUS, ONU, OMS... Bar é Meio Ambiente, Ministério da Cultura, Economia, Educação, Justiça e Direitos Humanos.
Obar é a arena das nossas maiores emoções. Bar é o consolo de quem perdeu o pódio dos campões. É o olimpo de quem não quer competir.
Sou um sujeito adaptável. Posso viver sem muitas coisas. Abro mão de quase tudo que possa resultar na aglomeração de seres humanos e, consequentemente, facilitar a disseminação da nojenta Covid-19. Ou seja, estádios de futebol, festivais de música e clubes de swing não mais contarão com a minha presença pelo tempo determinado pelas autoridades.
Mas um mundo sem bar é um mundo pior.
É um mundo sem happy hour, sem aquela olhadinha para o relógio perto do fim do expediente, sem a gravata frouxa e torta no pescoço, sem aquele suspiro de alivio ao se aboletarem um banco e encostar os cotovelos no balcão.
O mundo sem balcão de bar é um mundo muito pior. É o mundo sem a nossa tabua de salvação, sem a lousa em que rabiscamos projetos, fugas e desastrados sonetos de (des)amos.
Eu não quero viver em um mundo sem bolovo, short de Cynar, Caipirinha, Dry Martini ou Negroni. Não quero viver em um mundo sem amendoim, porção de azeitona ou pururuca. Eu não quero viver em um mundo sem saideira. Eu não quero viver em um mundo em que eu não possa desenhar no ar aquele gesto universal que, em qualquer idioma, significa: fecha a conta, por favor.
Um mundo sem bar é um mundo sem as melhores pessoas. Como deve ser ruim um mundo em que nenhum garçom nos chame pelo nome, em que nenhum bartender saiba qual nosso coquetel preferido, em que nenhuma musa nos lance um olhar de desprezo ao deixar o recinto como cara errado.
Um mundo sem bar é um mundo sem empatia. É um mundo sem amor ao próximo. É um mundo de indiferença. Um mundo cheio de “E dai? Lamento. Quer que eu faça o quê”?
Vai por mim! Mesmo que esse próximo esteja na mesa ao lado falando bobagens, contando mentiras ou piadas ruins, ele também será digno desse sublime amor de bar. Mesmo que seja um mala, um inconveniente, alguém exaustivamente alegre ou feliz como um cacto, ele sempre será digno do infinito amor de bar.
No bar, todo desconhecido ganha um voto de confiança imediato. Todo estranho confirma Rousseau – e é bom por natureza.
O bar é a nossa maior invenção. É a nossa alma coletiva. Nosso colo de mãe. Bares funcionam como postos de abastecimento da humanidade.
- Enche aí meu coração com sua melhor gasolina aditivada de alma.
Um brinde, saúde!
Eu não quero viver em mundo sem bar.
Quando tudo isso passar, vou sair de casa e ir direto para um balcão. Quem puder queme siga (sic).
Glória! Glória! (...) A vida não vem com manual, mas vem com MÃE . Que é a mesma coisa.
FELIZ DIA DAS MÃES!
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