Nelson Bandeira
Dia 15 de dezembro do ano findante, realizou-se o evento de confraternização na Confraria do Bar do Olímpio. Tudo foi contagiante, com a demonstração de expressão de alegria adicionada a um toque de sentimento, contentamento e rasgados sorrisos ilimitados.
Fogo acesso, carne temperada, sob a batuta de um mineiro, bem trajado de calça e camisa de mangas compridas, chapéu de massa para proteger o couro cabeludo, parecendo-se mais com um padroeiro de festa religiosa do que churrasqueiro.
Povo chegando, bebidas nos baldes, degustação preparada, dentes afiados para triturar carne de carneiro, picanhas, cozidão de rabo de boi com mandioca, maxixe, quiabo, batatas, muita pimenta malagueta à disposição. E a festa troando.
Em dado momento, contrataram um sanfoneiro para animar o encontro fraternal.
Os comediantes nordestinos foram os que mais cantaram, entoando suas melodias, buscando no passado as velhas lembranças. Só a música os deixa felizes, só assim o envelhecimento do tempo é recordado.
Revelação de acompanhante do sarau musical, com o batedor de colheres fazendo o eco de um triângulo; o pobre do pandeiro como instrumento de percussão, as pancadas foram tantas que parte dos aros desprendeu-se da caixa de ressonância.
Muita criatividade ao ponto da exuberância de muitos até no sacudir do esqueleto, esquecendo todos os complexos, com sinais fortes para fazer deste dia um inesquecível encontro de amigos. Um baile momentâneo!
O sanfoneiro cantou tanto a música “Milho Dibuiado” que quase a dentadura saca da boca. Não saiu porque é uma perereca nova e grudada com “orega”, mas, de vez em quando, alguém vinha pedindo pra mudar, o tocador querendo agradar.
Para acabar com a festança, o bagaço foi feio, muitos abraços masculinizados de modo afrodisíaco foram bem melosos; o ancião do dono do ambiente ficou por satisfeito com a algazarra demonstrada em todas as cores.
Quando o canto e a música forem preocupação de muitos, poucos restarão para preocupar-se com a tristeza, com o desamor, com a discórdia... Tudo foi belo e maravilhoso até o momento de ouvirmos o tenor militarizado, rebuscando no gogó músicas com passes de dois pra lá e dois pra cá, para o fechamento das cortinas do palco fraternizante.
Bom Natal! Que as verdadeiras amizades continuem eternas e tenham um lugar especial entre todos nós. Um Ano Novo de muita bonança.
Edição Nº 14887
Um evento com criatividade
Nelson Bandeira
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