Nelson Bandeira
Saudade é um sentimento que fica guardado no coração. Momentos que não voltam mais. Isso é coisa do próprio tempo.
A festança de minha juventude era assim, coisa intrínseca ao sentimento, ao desejo, da participação com alegria, com reciprocidade, com a alma descarregada de maldade.
Naquela época, em qualquer relação tinha que haver respeito mútuo entre as pessoas. As famílias preconizavam e primordializavam como tratamento, como obediência e atenção ao semelhante.
Ninguém ousava sair para qualquer lance sem comunicar aos seus procriadores, e com hora marcada para voltar para casa; na chegada ouvia logo o “sussurro” vindo da garganta do velho, certificando que estava atento ao horário do retorno.
Hoje, pai e mãe não sabem aonde suas crias andam. Não têm que dar satisfação a ninguém, pensamento deles, os filhos. No entanto, os pais ficam noites acordados preocupados com eles.
Pela manhã, passam pelos velhos e não recebem nem a bênção, e tampouco dão um bom dia. Esta é a criação atual, e ainda replicam que coisa do passado é cafonice.
E para compará-los, os pais não podem mais nem chamar sua atenção como forma de prevenção, caso contrário, estão incursos às leis, como ofensas e danos morais. Não trisque, não! Olhe a lei da palmada.
O peste que posicionou esse bendito projeto deve ter nascido engasgado e ter levado várias palmadas no bumbum para desengasgar. Mas o tempo vai dar as respostas para suas próprias crias.
É triste o que se assiste cotidianamente. A juventude desorientada de sua responsabilidade; a família famigerada diante do tóxico, da droga, do alcoolismo, da prostituição, enfim, a sociedade está com as estruturas corroídas pelo mundo desembestado em que se vive.
O tempo que não volta mais. É o disciplinamento que a família tinha com suas crias. Educação familiar vem é de casa. Outrora também das igrejas, tudo era tratado com serenidade.
E a formação profissional, onde fica nisso?! A escola transmite conhecimento, sabedoria e ancorada nestas três letras do alfabeto, CHA, que sejam cientificamente repassados como C= Conhecimento, H= Habilidade, A= Atitude. Este é o papel formador da área educacional... E olhe que tá difícil essa combinação.
Redacionar algo sobre sua escolha, aí o bicho pega! Escrever “inçoço” no grau superior é o mesmo que dizer que a formatura foi feita sem sal. E por aí vai.
O aluno do passado tinha a obrigação de aprender a ler e escrever, pouco importava a regra de pontuação, mas a palavra tinha que ser escrita correta, isto não tenha dúvida que sim. Caso contrário, seria penalizado, como forma de castigo, escrever duzentas e mais vezes as palavras certas que foram escritas erradas... Hoje, caso aconteça, o disciplinador tem que pagar um custo alto sobre isso.
Os estabelecimentos são logo acionados pelos responsáveis dos estudantes com afronta. “Vou ao Ministério Público”. Coitadinhos deles! Preferem que o futuro profissional passe por vexames que deveriam ser corrigidos se usassem o bom senso.
Preferindo dizer: “Inglêiz eu não sei, maiz heim portuguêiz eu çou fera”.
Como no vocábulo brasileiro não existe nenhuma palavra escrita inicialmente com “Ç”.
Por isso, o professor se dirigiu aos alunos de sua sala de aula: “Vou dar nota dez para o aluno que escrever três palavras que comecem com Ç”. Levantou um e disse: “Professor eu sei”. “Então vá ao quadro e escreva”. Sem nenhuma cerimônia, lascou: S (ç)aco, C(ç)upu e C(ç)oco.
Durma com essas competências que campeiam por aí! Ainda bem que Olavo Bilac morreu antes do assassinato da “última flor do Lácio”.
Tenha um bom domingo.
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