Não dá para acreditar que uma “funerária” lá pras bandas da Amazônia legal tenha fixado um logotipo comercial: Sua Morte é Nossa alegria. Como se fosse...? É caminho do fim...?
A frase citada na chamada do texto deixa a atender uma distância entre aquilo que dizemos e aquilo que realmente pensamos (ironicamente).
Hoje, morrer tornou-se tão vulgar que o comércio funerário sai correndo atrás da fatalidade, para vender seus produtos com caçoada como esta: “O único com qualidade de vida.” É de lascar!
A motivação de determinadas profissões é horrorosa, pois dependem da tristeza e da desgraça dos outros.
Mas a cidade identificada com sua última morada deveria ter, pelo menos e/ou simbolicamente, uma pitada de respeito pelos seus entes queridos.
Eles foram na vida os percussores do saber, do conhecimento, do trabalho, muitos com dedicação e respeito. Só deixaram lembranças e nada mais.
Como bem justifica a frase mortuária: “Ninguém é insubstituível. O cemitério está cheio de insubstituíveis”.
Agora que no envelhecido, os defuntos eram merecedores de cerimônias sagradas pelo vazio que estava deixando, sim! Tanto pelo reconhecimento do que foi em terra quando vida tinha... Não havia controvérsias sobre isso.
Entretanto, o conceito do cristianismo da atualidade, que depois de mortos vem a ressurreição, baseado na Bíblia que Jesus ressuscitou pessoas e ressuscitou. Dentro deste paiol, acumulam-se muitas dúvidas!
Os centros aonde cultivam a religiosidade, as campanhas se espelham... é claro, com o nome de Cristo; mas o filosófico está a desejar que em contrapartida - o rock, o samba, o merengue, também, faz parte do espaço... requebra, faz o molejo, que o templo te recebe! É o ingrediente da conquista.
Será que Cristo é adepto desse tipo de prospecção? Pessoalmente, ninguém se avistou, ainda, com o invisível onipotente de todas as coisas para dizer que sim! Todavia, os percussores bíblicos têm trabalhado ao bel-prazer para a modernização do Mestre dos Mestres! Vixe!
Como o dono da funerária não tem coração nem sensibilidade humana no exercício de sua profissão comercial, se animam com tudo isso; e haja vender caixões com várias formas de pagamentos: com prazos, parcelamento no cartão de crédito, boleto, ainda, chora e vende os lenços para enxugar as lágrimas.
Quando o distinto emburaca nos sete palmos de terra para nunca mais dar o ar de sua graça, o sepulcral agradece dizendo: “Muito obrigado pela preferência”. Afaste-te de mim agorento!
Observando que os países de primeiro mundo os caixões são mesmo caixões de madeira bruta, quadrado, sem verniz, sem sintético, sem vidro, bem provinciano mesmo.
Aqui não, são modernas urnas, com acolchoados, travesseiros, muitas flores de jasmim, para que o sucumbido descanse em paz, sem oxigênio, sem rir e nem enxergar. Bote luxo nisso!
Passando numa das ruas na cidade de Macapá (AP), deparei-me com uma funerária que pelo menos era inusitada com a exposição de caixões a venda, rodilhadas com belos castiçais.
Encostados na parede fora do recinto de materiais fúnebres, sete tampas mortuárias, cada uma com o desenho das bandeiras dos times grandes do futebol do Rio Janeiro: Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense.
Nesse ínterim, observei que a do Flamengo tinha mais preferência, foi quando perguntei: por que tem mais tampa de caixão com a bandeira do Flamengo?
Então, respondeu: quando este time joga, morre mais torcedores do que os outros... pelo fanatismo exagerado; os rubro-negros sempre querem levar o fã para o assentamento da paz, com a bandeira de seu time como recordação para a vida eterna. Isso que é uma tara!
Qual a causa mortis maior que acontece?, questionei. Tiro, peixeira, suicida e ataque cardíaco! Respondeu. Segundo a funerária, o comércio de caixões não tem impacto econômico. É bem suave... inclusive, com direito a carteira de sócio “Pro tempore” (Identidade do Torcedor Fanático).
Tu és time de tradição, raça, amor e paixão... Óh! Até com a tampa do caixão! Ainda não querem que URUBU coma pequi!
“O tempo passa faz-se remendo... vai se vivendo.” Safra boa: Clássicos e finais de campeonatos. Tchau!
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