Talvez poucos tivessem a sorte de ver a fartura que o Rio Tocantins tinha de peixes. As qualidades eram tantas, que hoje muitos deles despareceram.
De tal maneira que cardumes estremeciam as águas aonde iam passando... Pacu manteiga, Curimatá, caranha, piabanha, branquinha, piau e muito outros de pouco fluxo.
A força vegetativa, ou seja, as formas de vida que cobriam os solos de suas margens; os igarapés cheios onde migrava para reprodução, considerado como período de desova.
Este meio ambiente “in natura” daqueles tempos, garantia com abundância os mariscos que se tornava este rio verdadeiramente piscoso.
Quem acampava nas suas belas praias, não precisava preocupar-se com alimentação; de posse de caniços, anzóis apropriados; iscas boas; logo logo pegava o necessário para fazer o pirão.
E para embelezar o passeio esportivo, o trinar dos pássaros fazia toda a orquestra sinfônica... O socó no galho seco da árvore mostrava a grande fartura que o leito desse grande santuário nos proporcionava.
Diversamente chegou a ganancia pela terra; desmatando tudo sem nenhuma responsabilidade; poluindo os riachos com agrotóxicos; plantando capim para engorda de bois, sem qualquer sentimento de destruição.
Mais tarde, começaram a praticar a pesca predatória; foi tão cruel que sequer os “alevinos naturais” sobraram; juntou-se, ainda, com os farofeiros que muito menos os “camaleões” ficaram livres da depredação.
A devastação daqueles que agiram com maldade, foi tão irresponsável, que o Rio Tocantins não tem mais produção de peixes; a região ribeirinha é toda alastrada de tanques como criatórios alimentados por rações; aproveitando somente este liquido sem cor e sabor – custo zero.
Apoderação da crise foi bem acentuada que nem pescador profissional existe mais; vertebrados como: filhote, fidalgo, dourada, ubarana, mandubé, todos desapareceram das águas deste santuário que a natureza nos presenteou.
Para ilustrar este pote de histórias: caso de assombração vivida nas suas correntezas; descemos de rio abaixo até o povoado Frade localizado numa de suas margens, pescando...
Nadinha de pescado; paramos, pensamos, e decidimos contratar um pescador da localidade especialista em tarrafear; só assim era possível levar uns fisgados pra casa.
O conhecedor da área entrou na canoa, guiando-se nele, designou o local para a primeira tarrafeada... Jogou e abriu como um prato; logo deu sinal que tinha vários peixes laçados...
Fez aquela catimba de segurança, e nos avisou que a tarrafa enganchou nos galhos de paus submersos; resolveu mergulhar para não perder o produto e nem rasgar seu instrumento de trabalho...
Eu estava no meio da canoa, fui para frente segurar o punho da tarrafa... Moço! O homem mergulhou, quando subiu dando aquele suspiro de cansaço, olha o susto!...
O distinto aparece só com um olho! Perplexo, falei: meu Deus! Que coisa horrível? Exprimindo espanto, disse: perdi meu olho de vidro! E agora?...
O companheiro que fazia o jacumã encontrou logo uma solução: amigo, compre uma peteca e coloque no lugar até você ir a Imperatriz para providenciarmos outro olho de vidro.
Resultado: o prejuízo não estava previsto, mas enchemos a caixa de isopor de peixes de qualidade para justificar a distância e a dificuldade de encontrá-los.
Pescaria embarcada – vida boa – o peixe vem em três tamanhos: pequeno, médio e aquele que se perde... Na próxima edição vamos falar do “Boto Branco”.
(...) Não dê o peixe, ensine a pescar...
Bom fim de semana.
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