Nelson Bandeira

Olha que esse mal envergonha a quem observa o comportamento, a chamada preguiça, que na metodologia clínica é considerada como “preguicite aguda”.
Pode ser avaliada como ação contrária ao trabalho, especialmente, quando requer esforço físico. O sintoma é de lascar!
Laureando o tema, fomos fazer uma pescaria lá pelos anos de 1970, época que o rio Tocantins era muito piscoso, peixes com abundância, longe ainda da degradação, da poluição e da agressão ambiental.
Certo que ficamos por baixo da ponte sobre o rio Tocantins, lado do Goiás nesse tempo, esperando um cardume de branquinhas.
Demoraram pouco, elas começaram arrancar (pular sobre as águas), e não foi preciso nem colocar as redes para pescá-las, elas mesmas pulavam em grande quantidade dentro da canoa.
Momentaneamente, e bem na hora que as branquinhas saltitavam no curto espaço de tempo, aparece uma senhora já com seus mais de 55 anos nas costas, no porto que servia de embarque e desembarque, na beira do rio.
Então, ela ficou pasma e admirada como as branquinhas caíam dentro da canoa, sem que fosse preciso usar quaisquer outros apetrechos.
E não se contendo, pediu que déssemos a ela alguns peixes para comer. Um dos amigos, mais velho e extrovertido, pediu-lhe que trouxesse a vasilha.
A senhora providenciou rapidamente uma bacia; o amigo, que já tinha falado com ela, encheu de peixes, mas, antes de devolvê-la, fez o seguinte questionamento: “A senhora pode nos arrumar um limão?”
“Não tem”, foi a resposta breve. Ele prosseguiu: “Arrume umas pimentas”. “Não tem”. “Traga um pé de cheiro verde”. “Não tem”. O amigo resmungou: “Tá danado!”. “Por fim, me arrume um caniço com linha e anzol”. “Não tem”. Pense numa preguiça!
Finalmente: “A senhora tem sal?”. “Tenho um pouco”. Ainda bem, senão ia comer o peixe insosso.
Depois desse vai-e-vem, o amigo falou para ela procurar um especialista, porque estava acometida de uma “preguicite aguda”.
Dos vários sintomas, o que mais afeta a coitada é esta moleza, lentidão até para viver.
Dizem os entendidos que nem todo preguiçoso está doente, mas algumas pessoas, quando doentes, apresentam preguiça entre seus sintomas.
Neste caso, a personagem está doente só de preguiça. Não morre de sede porque mora na beira do rio Tocantins.
Como na sabedoria popular: “Experimentar tudo na vida é bom. As coisas ruins ensinam a viver. As coisas boas nos mantêm vivos! Assim, ambas são fundamentais”.
E que a preguiça tome rumo incerto e não sabido!
Pense bem, neste domingo, sobre a preguiça!
Feliz Dia das Mães!