Há pessoas muito ambiciosas, especialmente quando se trata de pescador amador. Foi o que aconteceu numa pescaria de JAÚ que fizermos no rio Araguari, no estado do Amapá (Macapá).

Este peixe é um vertebrado, também conhecido como jundiá-do-lago. Vive nas águas do rio Amazonas e do Paraná, principalmente, considerado os dos maiores da fauna brasileira.

Um amigo nos convidou para essa empreitada. Como aprecio a folia do vai-e-vem da pesca, fomos até lá. Roteiro pronto, local escolhido, cachoeira do paredão, habitat natural desse animal, deles pesam mais de 100 quilos.

Fomos levados por um Barco-Escola, com todos os apetrechos necessários para exercer essas atividades aquáticas... Além do mais, a reboque, duas lanchas de apoio para locomoção de um ponto para o outro.

A comitiva era de seis pessoas, tinha um predestinado das terras dos pampas que pesava uns 130 quilos mais do que um jaú... Por sinal, muito afoito, olho gordo, pelo lero-lero que jogava fora durante o trajeto.

Em determinada hora, paramos numa enseada para pescarmos umas “iscas” de peixes, o mais conhecido como piau-cotia, preferido dessa espécie.

Ao avistar as águas brigando no pé da cachoeira, o olhudo disse logo: eu vou ficar naquela pedra de lajeiro para fazer minha pescaria... E assim foi feito. Deixamos lá e seguimos para outros locais diferentes mais bem próximos do dele.

Com aquela indigesta usura e vontade exagerada de ferrar primeiro... Apoderou-se de uma linha grilon nº 100, deu um laço a redor na sua barriga e jogou nas águas o anzol fisgado com seu atrativo...

E foi arrumar sua tralha. Ah, meu amigo! Um Jaú agarrou, dando sopapo na linha. Ele, sem camisa, a laçada começou acochar sua barriga, não aguentando mais, pôs-se a gritar...

“Acuda-me, que a força do peixe vai cortar minha barriga. Ligeiro, não suporto mais! Ah, meu Jesus!”. Partimos rápido pra lá e cortamos com o facão o fio que estava lhe apertando. O gaúcho deu um ar de alívio.

Se o socorro não fosse rápido, a fibra tinha torado o bucho e com certeza que era muita tripa para se  ajuntar... Só por causa da ganância, ou seja, desejo intenso de alcançar determinado objetivo antes do tempo.

Com isso, daí não se teve mais ânimo para continuar a pescar, a circunferência atingida ficou parecida que um cobreiro ferindo toda  horizontal da barriga. Foi para água de sal e gelo... A ambição cerra o coração... Nem mel, nem cabaça.

(“”) Pescaria é paciência/ Não pegará natural/ Beliscou e não fisgou/ É o pescador que pesca mal.

Ainda bem que junto à galera ia um índio como guia para aquela região; com este imprevisto, ele foi pescar à noite de arpão e buscou três tucunarés de bom tamanho e levado ao fogo e brasa, para tira-gosto e temperar a garganta com umas belas doses de cachaça.

Como existe aquela salutar entica com o caçador, o pescador e outros mentirosos... para dizer... da maçã tiro a casca/do peixe tiro a escama/de ti tiro um sorriso/e o resto tiro na cama. Ainda são gaiatos.

Como a finalidade da pesca amador-esportiva, com o intuito somente de lazer, para encerrar faz-se do pensador sua  prosa...

“Pescaria é ter os pés num rio, a cabeça no céu, e o coração viajando por aí”...

(“””) Qual frase você mais fala quando está pescando à noite? ... Que as estrelas não podem brilhar sem a escuridão.

                                                          Que Deus ilumine nosso torrão.