
Não basta olhar para o retrato atual do Brasil para encontrar só tragédia; políticos presos, outros denunciados, bandidos tomando conta das cidades, policiais encurralados pela força da criminalidade, governantes desmoralizados, desigualdades, enfim, uma catástrofe pública.
Portanto, é preferível comentar certos “causos” que admitem um breve rememorar da vida até pelo fato de ter acontecido como desse vaqueiro...
Quanto à venda do leite “in natura” que vinha das fazendas circunvizinhas, como exemplo, da localidade “Prata,” entre esta cidade e anteriormente o lugarejo de Ribeirãozinho.
Por sinal, o dono de uma delas, era uma pessoa de muita integridade e bastante admirada, comerciante de secos molhados, com carta-patente emitida pelo governo com o “status” de autoridade na esfera social e comunitária do município e do estado.
Aquela propriedade muito bonita, tipo chapadão, onde tinha muitas “perdizes” e apreciadas por caçadores esportivos dessa ave pedrês.
Bom! Num belo dia fui até lá como amigo filho do dono da fazenda; chegando pela volta de onze horas do dia, então, perguntou pelo vaqueiro e sua mulher respondeu que estava deitado porque uma “taboca” tinha cortado sua orelha quando campeava uma vaca.
Fomos até ele, retiramos uma toalha que tampava o lugar do golpe; quando olhamos e certifiquemo-nos o tamanho do estrago; a aba auricular estava simplesmente pendurada por um fio de pele, e já toda roxa pela demora de um procedimento médico-hospitalar.
Sinceramente, pensei que ele perderia aquele órgão. Na época só tinha um hospital, no final da Rua 15 de Novembro. Chegando lá, o doutor olhou e disse: está quase fedendo, pronto para urubu comer... Vixe!
Mesmo assim, fez os procedimentos necessários; não é que o boiadeiro recuperou o beiral do ouvido sem deixar qualquer diferença da original!
O importante que naquela época o gado de criação e matança era o “tucura,” o maior e o mais pesado não passava de 100 quilos – só com um detalhe – sua carne tinha um sabor inigualável de qualquer tipo de outro bovino.
Existindo outro, porém, não dependia de pasto (capim) para se alimentar, comia o que encontrava pela frente. Com o apetite de um “BODE”, traçava pé de cansanção, fedegoso, mata-pasto, e tantos outros vegetais nativos, triturava sem fazer careta.
Os peões destemidos com seu roupão de couro, sempre tinha no corpo uma cicatriz deixada por espinhos, lasca de taboca, cipós, quando partia para capturar o gado mestiço, de raça indefinida naqueles idos do calendário romano.
Todavia, desobedientes às ordens dos vaqueiros; e para completar o desafio - os seus apêndices da cabeça (chifres) - era sua marca registrada, duro que só osso de canela de anta.
Eram trabalhadores que não mediam consequências para atender às ordens dadas pelos seus patrões... Como retribuição... Por esse eu ponho a mão no fogo! Esse só mente no dia de São Nunca!
O trabalho é bruto, o laço é curto, o tombo muitas vezes é leve e o tiro é certeiro... Não existe boi pesado, existe munheca mole.
Deus, obrigado por mais um final de semana.
Comentários