Nelson Bandeira
Fui buscar nesta expressão do latim, enxertando o vocativo de Ora-Pro-Nobis, para contextualizar o conteúdo desta matéria. Simbolizando a tradução de “Rogai Por Nós” para a classe política em evidência.
Fui a um evento de confraternização promovido pelo Governo do Estado do Maranhão, como convidado, e fiquei pisando firme e com extremo cuidado para não escorregar na baba do quiabo que se espalhava naquele ambiente festivo, que de fraternal só tinha a bebida e a comida.
Quantos políticos foram avistados e muitos deles que desceram de ribanceira abaixo a ladeira do sabão e não conseguiram mais voltar ao topo. Perdendo todas as aderências para dar continuidade à vida político-partidária.
Muitos corroídos pelo desprezo, bolsos vazios, detestados eleitoralmente, porque é um povo que não gosta, não admira, odeia candidatos lisos.
Mas são sempre pretensos a novas empreitadas com a esperança de que o raio venha a cair duas vezes no mesmo lugar. Na física é impossível.
Um sorriso aqui, um aperto de mão ali, uma malcriação acolá; um desabafo intrigante rodeando nos quadrados do ambiente confraternizante.
O governo passando em revista todos os seus pelotões expostos, saudando com suas mãos delicadas, esmerando gestos de seguridade no que está vendo e que as lideranças sejam as peças principais da ópera projetada para brevemente.
Candidatos percorrendo todo o salão fraternal, abraçando-se, falando de suas propostas, do amor que têm pela terra, embora não sendo agricultores no momento; sem medir esforços conversando com políticos surrupiados pelo tempo e pela própria história. Mas sempre fiel ao governo.
Outros fazendo beicinhos, mas corrigidos momentaneamente com um puxãozinho de orelha.
Então o Ora-Pro-Nobis, por ser o nome de uma planta (cacto trepadeira) com folhas, contendo espinhos e pode ser usado como forma de proteção, em casos melindrosos, vulneráveis, como retrata a política partidária.
No momento de perspectiva, o grupo dominante, como é tratado pelos atiradores de ilusão e chamados de oposição, se acerca dessa prevenção para dar sustentabilidade de prestígio, apoio e solidariedade.
Sintetizando aquele momento de satisfação público-política, consomem-se palavras, delicadezas, promessas, simbolizando placar, tirando e botando defeitos... São verdadeiros sacerdotes partidários postados nos seus confessionários para receber os lamentos e, em certos casos, próprios já para ungir a extrema unção e mandar procurar outros becos da vida.
Edição Nº 14881
ORA-PRO-NOBIS
Nelson Bandeira
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