Os substantivos denominam todas as coisas, pessoas, objetos, sensações, sentimentos - vamos problematizar investiduras de cargos de pessoas conhecidas como de "Calças-curtas" e a condução de armamentos na área policial de nossa prematura Imperatriz do passado.
Em 1960 o aparelho policial, o guardião da sociedade imperatrizense, era composto de um delegado e guardas indicados, todos batizados como calças-curtas, ou seja, aqueles que são colocados nos postos, sem ter qualquer formação universitária e o básico para o exercício do poder de polícia.
Os guardas eram funcionários municipais, fardados de polícia. A delegacia era situada ali na rua Cel. Manoel Bandeira, defronte, hoje, a Academia de Letras, tinha três policiais conhecidos da sociedade pelas alcunhas de Azul, Catapora e Apagão.
Estabelecimento este considerado como a casa da "força policial", por sinal muito dedicado e atencioso às recomendações do delegado da época, popularmente conhecido como "Pé de Chumbo". Ordem dada tem que ser cumprida, era o ditado do homem da lei.
Para certos crimes, como por exemplo, praticar não consensualmente o sexo, a pena para o delegado deveria ser a castração com gilete cega e enferrujada. O xerife era intolerante para o crime de estupramento.
Naqueles tempos, as arruaças eram poucas e assassinatos pior ainda. O xadrez tinha três selas, o suficiente para guardar os bagunceiros, que ficavam sob os olhares da força policial.
Os guardas vestiam suas fardas de "Caqui-Amarelo", trazendo pendurado na cinta uma faca peixeira bem amolada; já o delegado trazia um punhal tipo cabo de cobra coral, até para distinguir as divisas de comando.
Durante as prisões, os detentos tinham que submeterem aos efeitos de certas disciplinas carcerárias, como banho de sol e tomar banho com água uma vez por semana; este último procedimento era feito no rio Tocantins.
Quanto aos processos idos e vividos - a força policial não tinha "algema", então os presos eram amarrados pelos punhos dos braços com corda tipo cabresto, a sobra do cabo era atada, também, na cintura do guarda para evitar  o velocímetro no pé do prisioneiro e fugir correndo.
Antes do banho o doutor delegado pairava numa "quitanda" de secos e molhados, comprava uma barra de sabão caseiro feito com óleo de cozinha para os presos se ensaboarem quando do banho no rio.
Os procedimentos de higienização dos encarcerados ficavam sob a mira das espingardas (por fora) o fuzil de antigamente, carregada com ½ quilo de pólvora e 80 caroços de chumbo grosso, com uma espoleta pica-pau, nova, no cão da bufona; os detentos banhavam como uns verdadeiros patos d'água, sempre sob o olhar pericial do delegado pé de chumbo.
Num desses banhos, com as mesmas formalidades, mas já eram outros meninos traquinos, quando mergulharam para limpeza do corpo, dos três presos, só boiaram dois, um sumiu sem dizer o adeus para a autoridade máxima do distrito.
O guarda "apagão", conhecedor profundo das águas cristalinas do Tocantins, disse logo: Chefia, uma (pirarara) fez o pirão do inditoso prisioneiro. Será?! Pombas, pombas, pombas! Tenho que abrir outro inquérito... cochichou o espirituoso delegado.
Como existiam inúmeros peixes carnívoros no rio, o delegado procurou logo de fazer o inquérito policial, salvando melhor juízo o desaparecimento do preso que fazia sua higiene corporal.
A linha de investigação do cauteloso delegado foi que uma (piraíba) engoliu o preso no momento em que mergulhou em águas profundas... Como naquela época não tinha CAEMA, o jeito era se arriscar. Aí o peixão pimba!
Resumo da ópera: Olha quem apareceu depois que o delegado Pé de Chumbo partiu com toda sua indumentária policial para dormir infinitamente no além e em cama de terra fria... o preso, contando que tinha que fugir e num só mergulho boiou em frente ao povoado Imbiral. Haja fôlego!
Hoje eu só quero falar: Obrigado, meu Deus, por tudo!