Fomos num final de semana dessas fazer uma pescaria abaixo da praia da “gaivota”, com o objetivo meramente esportivo.

Éramos três: dois já conheciam as manhas do rio; o outro aprendiz, não manjava nada sobre pesca. Mas era um eterno admirador dessa arte.

Acampamos. Preparamos todos os apetrechos necessários para uma boa recreação. Iscamos de imediato um espinhel para fisgar um peixe de couro, entre eles barbado e surubim, ou até mesmo uma caranha, todos ativos com as enchentes dos rios nesta época do ano.

Além do simples papel de lazer, o recruta novo, sem traquejo, fitava-se numa enorme admiração sobre tudo que estava vendo e acontecendo...

Questionava sobre isso e aquilo. Com o intuito de saber e aprender para no futuro pescar com suas próprias mãos.

O que lhes chamou atenção dessas atividades aquáticas é que nas margens deste rio existem muitas árvores ciliares, cognominadas de sarã...

Por incrível que pareça, nos seus galhos sempre tem uma casa de marimbondo, razão pela qual não sabemos explicar... Mas que existe, existe... E é dos brabos, cheios de veneno.

Como a especulação do apreensivo ultrapassa muitas das vezes dos limites, a canoa que os conduzia naquele momento era de motor de popa batizada de rabudo, apropriado para esse tipo de tarefa.

O acanhado pescador não achou o que fazer, pediu para o dono do barco que lhes fazia companhia, para ensinar como funciona, para pilotar aquela embarcação.

Assim o fez. Disse: quando você acionar o motor, faça com o rabo suspenso; depois para mover-se, coloque-o dentro d’água e pilote normalmente, acelerando o conveniente.

Tudo isso aconteceu na boca do riacho tracajá. O comandante (raposa velha) estava pescando com isca artificial, ao ponto de segurar uma boa bicuda, peixe de escama, para alegria do calouro.

Na volta para o barraco, o leigo ficou na responsabilidade de manobrar este meio de transporte até o ponto determinado. Quando funcionou a máquina e botou a rabeta dentro da água... A canoa se desgovernou e foi parar dentro das moitas de sarãs, derrubando uma casa de marimbondos (asa branca). Aí esses isentos deram-lhes uma pisa de ferroadas e que chegaram com as caras, orelhas e beiços inchados...

O nariz do ansioso ficou tão empapuçado, igual focinho de barrão enfezado. Haja unguento! Vai mexer no que está quieto só dá nisso!..

Contudo, certos corretivos chegam a obrar milagres; os inexperientes no ramo vão aprender que existem cerca de 30 mil bichinhos desses com seus esporões bem afiados para umas boas pontoadas – caso vá atiçá-los no seu habitat.

(...) Se você mexer com flores irá sentir seu perfume. Agora se você mexer com marimbondo, tá procurando o quê?

Depois das desconchavadas intempéries, fomos assar uma “piabanha” na folha de bananeira, versando o que o pensador falou...

- Se não tens intenção de fisgar o peixe, jamais jogue a isca. Serve tanto na pescaria, quanto nos relacionamentos.

Consumando o presente conto com acepção do mês de abril provindo da cultura Romana – deusa do amor e da beleza...

                                                            Deus seja louvado!