Nelson Bandeira

Tem cada tipo de consumidor nesta terra de meu Deus que não tem um budista de toga que nos acuda, deixando a gente a se perguntar: quantas dessemelhanças tem o ser humano, cheio de manias, quando vai comprar algo de seu interesse?
Chega um notável consumidor no mercado do bairro do Mercadinho, pintoso igual galo de raça carioca, vermelhão, com jeito de ser bom de legume. Por isso, andou por todos os talhos de carnes de várias espécies.
Consequentemente, se dirigiu no açougue que vende carne de porco e saiu-se com essa: "Você tem de leitão precoce?". O açougueiro ficou abestalhado com o questionamento do forasteiro.
Contrapondo o que lhe foi perguntado, o açougueiro falou que nessa região só tem porcos vara, barrão, canastra, piau e pirapitinga. O precoce ainda não chegou ao açougue local. "Que tipo ele é?", indagou o dono do talho. "Ele é produzido antes do tempo normal", respondeu o interessado.
O dono do açougue não perdeu o rebolado para o vermelhão dizendo que aqui não se vendia ainda leitões mamando.
É bem provável que esse consumidor tenha alguma descendência ou parentesco de espanhóis ou portugueses, pois foram essas raças que trouxeram os primeiros suínos para o Brasil.
Certo que a estória rendeu comentários.
Uma velhinha olhou um homem passando todo de branco e inquiriu em voz alta, próximo a um bêbado que estava sentado na ponta de uma calçada: "Será que é médico?".
O bêbado, balbuciando de embriaguez, disse: "Se não for médico, pode ser o doutor dentista, barbeiro ou açougueiro, esses só vestem branco, todos mexem com sangue, carne, osso e cabelo".
Ali, além de um nascedouro de conversas e controvérsias, é um canteiro plantado de provérbios e frases - sejamos senhores da nossa língua para não sermos escravos das nossas palavras.
Então, sintetizando que o uso do branco é para demonstrar higiene e limpeza. É pra ser assim, mas há controvérsias no nosso mercado de suínos, caprinos, ovinos, bovinos e muares.
Vejam só. O macumbeiro também tem seus trajes simbólicos para exaltar seus "exus", usando branco desde o gorro até os pés nos trabalhos ritualísticos - com certeza que esse espírita não tem um cão precoce para o brilhantismo das atividades satânicas.
A cor branca é definida como "a cor da luz", que reflete todos os raios luminosos, não observando nenhuma e por isso aparecendo com clareza máxima.