Ouvi atentamente uma história contada nas cercanias da velha e prosaica feira livre do “Mercadinho” sobre a divisão de bens de uns ajuntados que moravam num cuvico (lugar pequeno e pobre)...

Até certo ponto, como verdadeiros capiaus, ou seja, aqueles que residiam nos campos e considerados simples, rústicos e de pouca instrução.

Mas, como o caipira norteava e servia de base para um sentido pejorativo, talvez, ligado pela própria timidez pessoal, conforme dissimula o enredo deste contexto.

Suas ações de vida são subjetivas e incorporadas ao homem típico habitado no mato.

Porém, a sociedade sempre tem problemas familiares sem figuração que separem pobres e paupérrimos, quando se trata de distribuição do quinhão contraído, um pouco mais aquinhoados e outros desmilinguidos – como é o caso, por exemplo.

A única coisa que se constata como modificações são as leis e costumes que retificam seus artigos e parágrafos, melhorando e/ou desburocratizando o processo inerente para cada caso.

As dificuldades elementares do passado se trilhavam com a falta de profissionais habilitados para exercitarem com oficialidade os respectivos julgamentos das pendengas matrimoniais.

Os interiores à época tinham que se alinhar com delegados (calças-curtas), juízes e advogados provisionados, promotores ad-hoc (“para isto” ou “para esta finalidade”), consumavam suas indicações.

Vamos ao caso que nos interessa (veja abaixo):

Um casal de ficantes se separou num interiozão nesse Maranhão de meu Deus; o patrimônio que ergueram foi um casebre de palha, amarrada de cipó de escada.

A bruaca se desgostou do cúmplice e pediu verbalmente a separação defronte de um desse delegado calça-curta.

Então, o inditoso apreciador, diante de toda sua humildade, passou a alegar para o senhor “delega” os bregueços que estava deixando para sua ex-muié como posse do que tinha arranjado durante sua amigação.

Deixou...

Uma gata boa de rato, dois potes d’águas, quatro arapucas armadas, uma gobila para carregar água do riacho, quatro galinhas chocas, duas tatuzeiras, um jogo de jacás, 1800 palhas empilhadas, dois litros de pimenta, uma lata de banha, duas caieiras de carvão já bem frio, um cachorro pulguento, dois meninos cheios de perebas e um pente fino para catar piolho (sic).

No final da confissão dos teréns do tríplice papel de roceiro, criado e amancebado, começou a chorar na frente daquela otoridade (sic), dizendo: “não sei o que ela está querendo mais da minha vida...?!”.

A infelicidade de uma partilha ocasionou esse desmantelo todo e fazendo do básico o resultado das bugigangas advindo de seu trabalho na roça de sua labuta campestre, rudimentar e tosco vindo por força de suas tarefas provincianas.

Compartilhando com o anonimato do tempo fez vociferar... preocupa-se mais com sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e a sua reputação é que os outros pensem de você. E o que os outros pensam, é problema deles...

Naqueles tempos, os compromissos conjugais tinham uma resignação como pacto e comprometimento... O amor deixa de lado todas as formalidades... Elas são umas verdadeiras bispas!

Como orienta o guia de casamento: “Casamento é como a Avenida Paulista: começa no Paraíso e termina na Consolação”.

Tenha um excelente domingo!