Nelson Bandeira
Andando lá pras bandas de Macapá (AP), com a expectativa de conhecer as belezas naturais daquela parte da região amazônica, especialmente os rios que cortam aquele estado.
Realmente são todos belos, de uma riqueza em abundância, também em várias espécies de peixes de água doce. Bem fiscalizado e disciplinado o exercício da pesca, tanto faz profissional como amador.
Mas, quando encadeamos a ideia de que o “fanatismo e a criatividade” andam juntos, que não tem nada a ver com a beleza natural dos rios e igarapés ali existentes, com o que vamos dissertar.
Nesse abre e fecha aspas, tem o seguinte contorno histórico concernente ao comércio funerário daquela região e, que se diga, habitada por muitas famílias maranhenses, convencidas em imigrar à procura de pedras preciosas que os garimpos lhes ofereciam à época.
Como a violência campeia solta em todo o solo brasileiro, com gente sem medo de ser preso e punido, porque nosso antiquado código penal tem mais brechas do que casa coberta de cavaco de madeira - é respingada pra tudo que é lado.
E o comércio funerário daquela região amazônica, estatisticamente, se notabilizou como o que a cidade tinha de mais emblemático, a paixão do torcedor pelos times de futebol do Rio de Janeiro (Vasco, Botafogo, Fluminense e Flamengo).
Nos finais de semana era uma irritação arretada por demais; o clima chegava além dos limites eufóricos, ao ponto daquilo que é repugnante e condenatório, à morte, por extrapolar os sentimentos apaixonados do torcedor.
Entretanto, o dinheiro, a ganância, são maiores do que qualquer perspectiva de sensibilidade pela paz e a ordem pública – entendendo que comércio é comércio, que está além do bem e do mal.
Os comerciantes do ramo de venda de caixões fúnebres mandaram pintar as tampas das urnas funerárias com as cores de seus times de coração.
Quando o dono do falecido chegava ao ambiente sombrio e no comércio sem lágrimas, por ter perdido seu ente querido, o comerciante perguntava logo: “Qual time que ele torcia?!”. Flamengo, Vasco, Botafogo, Fluminense, de livre escolha e gosto, o caixão era destinado ao torcedor como causa mortis.
Com isso, não era necessário ir atrás de bandeira do time de coração para cobrir o paletó de madeira.
Interessante, a ritualística dos vendedores de caixões para conduzir o finado à sepultura. Depois de morto, têm o prazer de levar consigo as cores e o amado escudo de seu clube de coração para a vida eterna.
Além da criatividade, sabe que a morte é um fenômeno vital, uma realidade que todos os seres humanos estão destinados a vivenciar.
Deus seja louvado! Até porque os torcedores do Cavalo de Aço não morrerão de paixão, talvez, por desgosto mesmo, pelo time que só traz tristeza com os resultados obtidos nas partidas disputadas. É só peia!
Ah! que saudade do RENNER F. CLUBE!
Tenha um bom domingo.
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