Nelson Bandeira
Esta veio do outro lado da linha do Equador, onde a clandestinidade campeia solta; a liberdade de pensamento e de expressão é livre e sem censura. Vamos lá!
Talvez, não sei se o gênero narrativo é ficção, e/ou simplesmente sinônimo de história.
O foco é que a área tem de tudo: vende, negocia contrata espírita, macumbeiro; enfim, você se chateia, mas se diverte bem.
Nisso aparece um garanhão, contando para quem quisesse ouvir sua estratégia erótica em gestação.
Encontrou-se com uma fêmea com libido à flor da pele, a qual indigesta o homem para aguentar as provocações e insinuações, mas, como é uma energia aproveitável para os instintos de vida, provocou agendamento para um futuro encontro amoroso.
Marcaram logo uma festa de prazer licencioso, com preço combinado para o exercício da atividade pornográfica por 100 reais; isso sem contar com os drinques para acelerar e aflorar o encontro libidinoso.
O malandro, esperto, chama a “prima” de deusa grega, onde relaciona ao amor momentâneo em seus diversos aspectos.
Pelo gingado do pegador deve ter vindo de muitas vivências como casas de luzes vermelhas. Até porque usa sempre o adágio popular: “Com afago, a mula e a mulher fazem o que o homem quer.”
Foram para o apartamento da dita cuja mariposa, já com o couro da testa grosso por ter tragado bem o líquido afrodisíaco, pelo preço combinado, ou seja, por uma solitária garoupa.
Como há tipo de homem que detesta mulher sabida demais, pior ainda se é mais do que ele. É de lascar!
Antes de irem para os “finalmente”, se preparou, pegou uma nota de 100, fez um pequeno furo no canto da garoupinha, amarrou uma fibra bem fina, de alguns metros e pregou no cós da calça.
Depois de concluída a carícia combinada, se preparou para ir montado na sua cross; a mimosa ainda deitada com sinal de cansaço, ele falou: “Amor meu, olha estou deixando o dinheiro combinado”. Mostrou a cédula e colocou-a em cima da penteadeira. Ela replicou dizendo: “Obrigada taradinho!”.
Malandro é uma peste! Quando foi saindo, a linha de fibra vinha puxando a garoupa até entrar em seu bolso. Olha o que o canastrão aprontou. “Fui!”.
Quando a boneca noturna deu aquela última bochechada, e levantando de cima da criminosa, foi logo na penteadeira e não viu mais a garoupa (a nota de 100).
Ah, meu amigo! Começou logo a procurar por debaixo de tudo que tinha no quarto, que só as paredes sabem o que aconteceu naquela noite voluptuosa. Só que a garoupa não voltou para o mar, e sim para o bolso do sagaz pegador.
Não se contendo, ligou para o falastrão: “Olha, o dinheiro que você deixou sumiu. Já procurei em todos os lugares que podia estar, e agora?”. “É pena, é por isso que não gosto de programa com ventilador, espalha tudo, mas continue procurando”, respondeu o larápio gostosão.
Para arrematar esse encontro pervertido, profetiza-se o que disse o cantor Bezerra da Silva. “O defeito do malandro é gostar de dinheiro, amizade e mulher de malandro tem cabeça feita, malandro sabe o que quer.”
A moça devassa tem que ficar esperta e espertíssima, porque malandro é como pato que anda rebolando e falando koé koé.
É prima, para quem tá se afogando, Jacaré é tronco. Na próxima receba a garoupa antes... Tchau!
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