Olhe bem o que presenciei! Numa esquina da Rua Ceará, num belo domingo de feira, tinha um pregador evangélico, catequizando o tempo, porque o lugar estava vazio de gente.
O cara demonstrava ser um pastor feito e moldado a “enxó” (mal falador) – o tema discorrido era sobre a Galileia e o Vale do Rio Jordão.
Com o microfone na mão, desce falação, até chegar ao mar morto; estava tão sem rumo à interpretação bíblica, que escolheu um local de fronteiriça com o mercadinho (antro de tudo que não presta).
Por incrível que pareça, a conversa do pegureiro estava tão insossa que fazia levantar boi da moita... que somente a “mutuca” tem esse poder de botar o animal para correr.
Como há ideias e sentimentos de que as pessoas na verdade não as possuem... Ainda, tem o luxo de querer convencê-los dessas hipocrisias aleatórias.
No auge do discurso, o mensageiro se equilibrou na bacia sagrada das águas abençoadas do Rio Jordão; falou de peixes para alimentar o povo de Israel, através do milagre na multiplicação desses vertebrados.
Olha quem se aproximou do presbítero! Um bêbado, todo maltrapilho, mas com atenção voltada para o pregador.
Em fração de segundo, o embriagado perguntou para o discursador... Pastor o seu Jesus gostava de comer “pacu-manteiga”? Não senhor, só de “piaba”, respondeu. Piaba! Exclamou o etílico.
O bêbado, não se conformando com a resposta do pastor, lascou essa... Eu não sabia que Jesus tinha o instinto de “surubim-chicote”! Vixe Maria! Quando abre a boca engole um cardume de piabinhas.
Há amigo, o pastor desceu das tamancas, dizendo que aquele bêbado era uma “besta-fera”, perturbando a palavra de Deus.
Pois, então, me dê um trocado para tomar uma, depois eu venho terminar de ouvir seu sermão!... Vá para os quintos do inferno, disse o evangélico pregador ao bêbado.
“Profecia de quem ‘gosta da água que passarinho não bebe’: Quem não bebe não tem história”. Assegura os meninos dos pés/inchados. Bebo para ficar ruim; se fosse pra ficar bom, tomaria remédio.
Os estudiosos comentam que normalmente uma pessoa que bebe uma grande quantidade de álcool fica alterada e com isso não se importa muito com o ambiente nem com as pessoas que estão a sua volta.
Como o mundo está compilado de ilusões genéricas, com temas voltados para catequizar o pagão, ou seja, o descrente do poder de Cristo, não custa nada ludibriá-los com a doce saliva da dissimulação.
O paradoxo sobre o poder da luz na pregação demonstra que não tem instrução, que é estúpido, velando a falta do saber, desconhecimento e imperícia teológica sobre os temas transformados em ladainhas.
Um padre, um pastor que se preza, estuda cinco anos para se preparar profissionalmente como formador de opinião direcionada para quem visa trabalhar com a fé.
Em contrapartida, vê-se em cada esquina da vida um pregador feito de argamassa sem liga, sem preparo adequado, desculturado, invocando o santo nome de Deus em vão.
Tenha uma boa leitura e um bom domingo!
Edição Nº 15308
Essa é de espantar boi da moita
Nelson Bandeira
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