Nelson Bandeira

Parte da humanidade do virtual mundo que campeamos está acendendo uma vela pro Diabo e outra pra Deus.
Estória presenciada numa banca de café nas cercanias do inesquecível Mercadinho, onde se criam previsões com tendência mais para o futuro do que para o presente.
A dona da banca, uma "galega" de não se jogar fora, bem rodada por países europeus, por último estagiou no Caribe, iludida pelo convencimento da facilidade do tráfico de mulheres e de ganhar dinheiro dos gringos que ficam loucos e encantados com as fêmeas brasileiras.
É, mas o custo da estadia é muito dispendioso, e a estética da vaidade consumiu tudo o que ganhou.
Essa estagiária, depois da volta ao torrão pátrio, passou a dar conselhos de que tudo lá fora é mera ilusão; parece que é doce, mas está mais para fel do que abelha para abrigar suas descendentes (criá-las e estocar o mel).
Então, certificada de todas essas aventuras e ciente de que vai curtir o resto da vida até aos 40 anos, brincando, namorando, exercendo sua atividade como boleira e tocando sua banca de café preto, com leite e chocolate para sua clientela.
Quando completar a idade e o fim do círculo da orgia programada, vai ser evangélica fervorosa. Tendenciosamente, como assassino condenado e preso, pede logo para a família uma Bíblia.
É um paradoxo que o mundo caminha com as vertentes viradas, e de que cometer o pecado é mais saudável e gostoso do que estudar Teologia para pregar aos desventurados do planeta terra. Mas o sistema não exige diploma para pregação do nome de Deus, não. O caminho é frouxo.
Acende uma vela primeira para o Diabo, depois de arrependido, acende outra para Deus.
Deus perdoa os nossos pecados (segundo as leis sagradas), mas não nos poupa das consequências. É o que falta muita gente pensar.
O Mercadinho não é um paraíso, nem o inferno - é apenas o purgatório. E sua filosofia é de saber definir: "Rotina não é fazer o de sempre, mas sem fazer como sempre".
Richard Dawkins contextualizou: "Eu sou contra a religião porque ela nos ensina a nos satisfazermos ao não entender o mundo".
Dentro da profanidade e da religiosidade habita o infinito. Imagine, então, o infinito que habita no redor de você. Diante das adorações, porque de boas intenções o inferno está cheio.
"Ainda bem que a mulher veio da costela, porque se fosse do filé mignon só rico ia poder comer".
Tenha um bom domingo.