Ó, Senhor dos tronos, me ajudai a destrinchar essa dízima periódica!
Num final de semana desses, fui ao rio Tocantins fazer um lazer esportivo com minha vara de pescar.
Aportei num gorgulho de pedra cabeça de jacaré, objetivando pescar alguns “piaus”. Nisso, encontro com um pescador fisicamente desolado, solitário, procurando, também, fisgar alguns lambaris.
Nesse ínterim, comecei a questioná-lo. Até porque achei nele um pescador diferenciado. Então perguntei pelo seu nome; respondeu-me que todos os colegas de profissão o conhecem pela alcunha de “Candiru”.
Consequentemente, fui além. Por que lhes chamam de candiru? Por gostar de comê-lo cozido e fritozinho, com bem limão! Respondeu.
Na literatura sobre rios, o candiru é conhecido como peixe-vampiro, peixe-gato, é encontrado com mais frequência nos rios Tocantins e Madeira – tem uma forma de enguia.
Diante das evidências, o pescador começou a fazer sua revelação de sentimentos, de ideias e de fatos; dizendo que foi acometido de uma doença rara na sua arcada dentária, deixando impossibilitado de triturar alimentos duros, compostos de ossos e espinhas.
Dado a essa situação de mastigação, fez a opção pela carne do peixe candiru, macio e fácil de pegá-lo.
Nesse reviramento, começamos a falar sobre o mercado do peixe, que destruíram o que existia e deixaram tão somente o terreno; com prazo de construção interminável, eterno, ilimitado, infindável, infinito para sua conclusão. (*) Jurisprudência nova de contratos.
O pescador com o cognome de “Candiru” foi buscar na sua reminiscência, para lembrar-se da geleira e de um gabinete dentário, que a colônia disponibilizava na época.
Então, perguntei: que fins e destino levaram os referidos bens? Sorrateiramente, respondeu. Você recorda-se da enchente do rio Tocantins no ano de 1980?
Sim, lembro, contrapus. Aquele fenômeno natural levou tudo de águas abaixo; especialmente, o equipo odontológico, por ser pesado, sumiu na correnteza do rio. Coitado morreu afogado!
Os pescadores, fazendo o papel de mergulhadores, fizeram uma varredura e localizou-o no fundão da ponta de pedra, no povoado Imbiral, a desaparecida cadeira dentária.
Com todo esse arcabouço de lero-lero, bagunça e controvérsia, passou-se a matutar: será que a natureza não instalou esse equipamento de dentista na submergida água profunda da ponta de pedra?
Ninguém duvide o que natureza é capaz de fazer! Se ela conseguiu fazer isso... com certeza, que o Dr. Jaú deve estar tratando os dentes das piranhas, tambaquis, caranhas, piaus e tantas outras espécies.
Não deixa de ser um avanço para fauna. Porque, para os desvalidos pescadores, só resta submeterem a burocracia e a boa vontade do SUS para adquirirem um tratamento.
Caso contrário, dê um mergulho profundo nas águas da ponta de pedra, e procure o Dr. Jaú para consertar o que ainda resta de dentes na sua arcada dentária.
Se por acaso, a situação complicar, consulte o contínuo presidente da colônia, para saber o que pode fazer com as bocas dos sofridos pescadores.
Apesar de ser muito solícito com o dever de casa, nunca deixou de verbalizar seu refrão de campanha: Na vida sou Comandante. Não “abandono o barco”. Muito legal! Poeta dos sonhos.
Que neste domingo faça-se campeão! Boa sorte.
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