Se olharmos para o passado, saberemos que o “Vaqueiro” é a figura central de uma fazenda.
Este homem simples, pacato, só sabe lidar com o gado na caatinga cheia de galhos e espinhos e de acesso muito difícil, por isso o vaqueiro tem que usar uma roupa própria.
A vestimenta compõe-se de gibão, peitoral, perneiras, luvas, jaleco e chapéu, tudo de couro, para o exercício de seu trabalho com o seu inseparável e eterno companheiro, o “Cavalo”.
O incansável vaqueiro usa sempre um par de escoras e nas mãos uma chibata de couro para sinalizar ao seu rebanho em que rumo está seguindo.
A motivação de elaborar este contexto com o vocativo: “A comodidade muda o roteiro do vaqueiro”? É muito simples a resposta.
Provavelmente a vida cotidiana de um vaqueiro seja cheia de circunstâncias por tratar-se diretamente com animais irracionais (o gado).
Mas aquele homem que dificilmente não tenha uma cicatriz pelo corpo, provocada pelos galos de matos seco e espinhos, fazendo o “aboio” para chamar e conduzir o gado ao seu destino.
E o que mais caracteriza e enobrece seu trabalho é a obediência que o rebanho tem ao boiadeiro no campo e/ou na fazenda.
Mas a força do poder rural tem plena condição hoje de mudar tudo aquilo que era tradicional, a começar pelas enormes áreas de pastagens e a grande quantidade de animais.
Como os grandes proprietários comungam comodidade, como vantajoso, agradável, prática, ao ponto de acabar com a figura secular do vaqueiro.
Este retrato tão bem lembrado e cortejado no nordeste; tão popular com o manuseio de seu trabalho no campo, infelizmente, está em extinção.
Nas fazendas, atualmente, o gado é pastorado por aprendiz de vaqueiro (motoqueiro), montado e conduzindo motocicletas, percorrendo toda terra e empurrando o gado para os respectivos currais.
O velho aliado dos vaqueiros, os cavalos, só serve para os patrões desfilar ao arredor das baias para acompanhamento de sua criação e de seu patrimônio rural.
A extração desta história – “Ontem Vaqueiro, hoje cavaleiro”, só resta à imagem, onde o latifúndio mudou a regra do campo. A cultura primitiva do nordestino não campeia mais como antes.
Para os vaqueiros em existência e de pouquíssima exceção, resta somente como lembrança o provérbio português: “Onde se mata o boi, aí se esfola”.
Guarde seus apetrechos de trabalho, o gibão e seus acessórios, como recordação do passado... Matamos o tempo, e o tempo nos enterra (M. Assis).
Porque o aboio foi substituído pelo ronco dos motores das motocicletas e pelas estridentes buzinas – o paradoxo de nosso tempo.
O mundo tecnológico nos traduz uma leitura contundente com o passado.
“Não acredite. Ande, venha comigo, me dê a mão, desvie o olhar. Seja mais um idiota apaixonante”.