Nelson Bandeira
Você tem um bem e/ou uma propriedade, consequentemente, brota à causa do desrespeito e da imoralidade, pelo acinte do desocupado que campeia livremente por esses locais, sem medo de ser punido, aporrinhando fora do limite.
Esta história de que dissertamos tem uma ligação com um amigo de longas datas, que adora dois esportes na vida: futebol e pesca. E, por sinal, muito gostoso o seu exercício.
Quando se trata de ir ao rio que nós amamos, pescar no Tocantins, primeiro tem que saber qual é a isca que se deve levar para atrair qualquer tipo de pescado. A minhoca é a tradicional.
O amigo é dono de uma gleba de terras que se limita com as margens do rio Tocantins, e parte dela bem molhada e adubada pela criação de minhocas. Só que são raptadas por elementos para vender àqueles que desejam pescar com esse tipo de isca.
Pescaria programada, o dono do terreno, se fazendo de besta, chegou junto ao larápio de minhocas, o qual não sabia que ali era sua propriedade.
Então, questionou que desejaria que os mesmos arrancassem uma porção de minhocas, de preferência da cor preta. O malandro disse logo: “Arrancar minhoca aqui está complicado, porque o possuinte da terra é um velho enjoado, chato, brabo.” O ouvinte não se fez de rogado e completou: “É mesmo! É desse jeito que ele é”.
Só que o dono da propriedade estava de chapéu, cobrindo sua calvície e parte dos cabelos brancos. E perguntou como ele é.
“É um velho de bigode, parecido com o formato do seu. Mas pense num velho agoniado e antipático”, respondeu o rapa-minhoca.
O simpático amigo ficou meditando quanto ao constrangimento de fazer a pessoa refém do direito de ir e vir; são elementos que habitam nas cercanias, vindos de invasões e que não têm nada a perder com as ações que praticam.
O invasor arrancou as minhocas pedidas pelo dono da terra, e recebeu os trocados. E o safado ainda saiu-se com essa: “Pescar é bom! Bom prô cê, pra mim arrancar minhoca não tem mió!”.
Arrematando este fato, aqui na terrinha é muito triste e constrangedor você ter alguma coisa, porque a malandragem se apropria com toda sem-vergonhice, invade, rouba, achincalha; fica-se inerte para ficar bem com a vida.
Parece que o nosso Procópio, além de suas boas ações, deixou estrumado na terra ribeirinha o charlatanismo aliado ao mau caratismo como idoneidade para esse povo.
O certo que a vida é tão curta e a tarefa de vivê-la é tão difícil que, quando aprendê-la, já é hora de partir.
Não desista amigo, vamos pescar.
Bom carnaval para todos.
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