Nelson Bandeira

Que saudades de outrora, onde se fazia ponte de ligação esportiva entre Imperatriz, Itaguatins, Porto Franco, Tocantinópolis e Carolina, com a simples simpatia de estreitar mais ainda os laços de amizade através do esporte.
As cidades citadas tinham craques, jogadores com arte, com picardia, com talento, muito deles superior aos grandes marketings do dinheiro diante do atual cenário nacional.
O custo era zero; despesas somente com equipamentos (vestuário) e transporte.
Após as competições, vinham as comemorações, a despeito do resultado positivo ou negativo. Certo que a juventude falava mais alto nesse presságio da vida.
Certa vez, fomos jogar em Tocantinópolis e deixamos o campo vitoriosos. Fomos procurar o melhor bar da cidade para festejar o grandioso resultado, só que, na porta do estabelecimento, tinha um pé de pequi, na época coberto todo de flores. Para adágio de todos.
Conversa vai, conversa vem, o dono do bar, já bem usado pelo tempo e sisudão, cerveja aqui e outra acolá, um colega sai com esta: "Moço, o senhor tem algum tira-gosto para servir?".
"Sim!", respondeu imediatamente.
O bem intencionado colega não procurou saber qual era o tira-gosto que o moço tinha para fazer e vender. Nisso, pede o que a cidade tem de melhor em gastronomia para o deguste da noitada.
O dono do boteco, bem estressado pelo tempo de vida, não se fez de rogado. Demorando um pouco, trouxe-lhe um prato cheio de flor de pequi. Nesta época do ano, caçador não dispensa uma espera para matar veado mateiro, porque este aprecia muito a flor do pequizeiro.
Ah!, meu amigo, o pedinte do tira-gosto ficou pê da vida com o gesto do dono do bar. E questionou por que aquilo.
Deu uma pausa, dizendo em seguida: "Porque achei você muito meigo!". Perguntando em seguida: "E esse animal é meigo?". Além de meigo, é desempoado até para se alimentar.
O atleta, já puto, pediu para ele que colocasse uma música. Agora mais calmo, mas ainda calado, o proprietário do bar ligou seu rádio Transglobo na Voz da América para que o freguês deleitasse o seu desejo de musicalidade.
Houve uma insatisfação de todos e atravessamos o rio Tocantins para o lado de Porto Franco. E lá tudo aconteceu de bom, comemos até cari (cascudo) assado na brasa como tira-gosto, ao som de uma radiola ABC tocando um LP de Teixeirinha.
Ô coisa boa que eu acho!