Causo XIII - “Apresentando os rotarianos”
O ex-diretor do SENAI, ex-presidente da COHAB-GO, ex-diretor do Colégio Integrado de Araguaína, ex-deputado estadual, ex-secretário de estado da Indústria e Comércio, e “ex-quase, futuro, provável, candidato a candidato à prefeitura municipal de Araguaína, pelo PMDB, nas eleições municipais de 1982 e 1988”, além de presidente do diretório municipal do PMDB, professor João Leite Neto, é o personagem principal da nossa narrativa de agora. Aliás, narrativas, haja vista que não será apenas um o “causo” agora a ser narrado, mas sim dois. O primeiro dele me foi contado, e autorizada a sua publicação, por uma pessoa da mais alta credibilidade, um homem acima de qualquer suspeita, no caso o brilhante advogado araguainense Dr. Walter Atta Rodrigues Bittencourt, enquanto o outro eu mesmo fui testemunha ocular, ou seja, presenciei com esses meus dois olhos que um dia a terra vai comer.
Em um destes sábados do mês, estava eu a tomar algumas “loiras suadas” no Bar Barbudu’s, acompanhado dos amigos bancário Abelardo Américo e empresário João Augusto, dono de uma livraria, quando chegaram o professor João Leite Neto e, posteriormente, o advogado Dr. Walter, que sentaram-se à mesa e me pediram informações a respeito do livro “O Vendedor de Ovo de Égua”, que eu estava escrevendo. Expliquei o que era o livro, falei sobre os “causos” narrados e, então, o Dr. Walter me disse que iria contar um “causo” acontecido com ele e com o professor João Leite, que bem poderia fazer parte desta obra. Pedi-lhe que me contasse o sucedido nos mínimos detalhes, e o professor João Leite confirmou “tim-tim por tim-tim”.
Vamos ao “causo”. No início do ano de 1980 (quero deixar bem claro que na época eu ainda não residia em Araguaína, pois aqui cheguei apenas em 8 de maio de 1981) foi instalado o Ratary Club de Araguaína, do qual faziam parte as mais expressivas personalidades araguainenses, entre as quais os próprios João Leite Neto e Walter Bittencourt. Em meados daquele ano, o governador do Rotary veio a Araguaína para visitar e conhecer de perto os rotarianos araguainenses, e ao professor João Leite Neto foi dada a função de mestre de cerimônia da solenidade, saudando o ilustre visitante e fazendo a apresentação individual dos presentes, ou seja, dos componentes do Rotary e as suas respectivas esposas. E assim foi feito.
Mas na hora em que foi apresentar o Dr. Walter Bittencourt, João Leite assim se expressou: “Aqui está o competente advogado doutor Walter Bittencourt, filho de Carolina, mas araguainense de coração, ex-promotor de Justiça, casado com a senhora Janete, pertencente a uma das mais tradicionais famílias da indústria têxtil da região!”. Surpreso e curioso, pois desconhecia a existência de qualquer indústria têxtil por estas bandas, o governador ousou perguntar: “Esta família tece o quê?”, e João Leite, não perdendo a compostura, respondeu: “Tece fuxicos”.
O outro “causo” envolvendo o professor João Leite Neto, este testemunhado por mim, aconteceu em plena campanha eleitoral do ano de 1990, quando o PMDB araguainense lançou três candidatos à Assembleia Legislativa do Estado do Tocantins: o já deputado Pedro Braga da Luz, candidato à reeleição; o professor João Leite Neto, e o jovem iniciante na política Marcelo Carvalho Miranda, que após sucessivas vitórias na carreira política, tornou-se governador do estado. Portanto, naquela eleição, todos os três candidatos peemedebistas foram eleitos, cumprindo o mandato de 1991 a 1994, quando o Estado do Tocantins era governado pelo médico Moisés Nogueira Avelino, também do PMDB.
Naquela época, eu trabalhava como assessor do já deputado estadual Pedro Braga da Luz e, como também exercia o cargo de segundo secretário do diretório municipal do PMDB, eu constantemente participava de reuniões políticas da coligação “Movimento de Salvação do Tocantins”, que tinha à frente o PMDB, e visitava os comitês políticos de todos os candidatos. Um certo dia, estava eu indo visitar o candidato João Leite Neto em sua residência quando chegou um conhecidíssimo líder político da região, que garantiu ao então candidato um total de 176 votos (é isso mesmo, cento e setenta e seis votos).
Depois de muita conversa, e eu escutando tudo, o tal líder político explicou para o João Leite que só havia um probleminha: deste total de votantes, 88 eram doentes e, como tal, estavam precisando de remédios e de uma certa quantia em dinheiro para fazerem um tratamento de saúde. Após ouvir atentamente o que o líder político havia dito sobre o seu eleitorado, o professor João Leite deu a seguinte sugestão: “Vamos fazer o seguinte: você deixa os eleitores sadios comigo e os doentes você leva para o Pedro Braga, que por ser médico tem todas as condições de tratar das suas saúdes!”.
Resultado: para quem o tal líder político levou os 176 eleitores, ninguém sabe. Mas o engraçado nesta liderança é que em 1992, por ocasião das eleições municipais, ele foi candidato a vereador araguainense, e não conseguiu sequer cinquenta votos. Gozado, né?!
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