Causo XI - “Tinha um homem de preto!”

Mais uma vez, vou utilizar este espaço narrando um “causo” que já se tornou de conhecimento público, haja vista que foi publicado na edição de nº 1 do “Jornal Integração - Órgão Informativo Mensal do Centro Cívico do Colégio Integrado de Araguaína”, com data de março de 1984, mais precisamente na página nº 03, e que tinha por título “Professor faz cada uma...”, com a seguinte complementação: “Ele é humano... pode dar uma de Ibrahim”.

Creio que não há necessidade de falar a respeito do “Jornal Integração”, nem tampouco sobre o saudoso Colégio Integrado de Araguaína. Perdoem-me a insistência neste tema, esta repetição, mas o CIA marcou uma história na educação araguainense, e reconheço ter sido de suma importância em minha vida, pois se conquistei tantos sucessos em Araguaína, o Colégio Integrado teve uma grande participação nestas vitórias.

Mas vamos logo ao assunto que mais nos interessa: “A História do Homem de Preto”, que me foi contada por uma pessoa acima de qualquer suspeita - a principal personagem do “causo”, a nossa querida e estimada amiga professora Wadya Carvalho de Oliveira, ex-professora do Colégio Integrado de Araguaína, ex-secretária de Estado da Educação, durante o primeiro governo tocantinense, quando teve a enorme responsabilidade de implantar aquela pasta (aqui cabe uma pequenina observação: na verdade, o primeiro secretário, quando da instalação do estado do Tocantins, foi o então deputado federal e o hoje senador Leomar Quintanilha, mas a sua passagem na secretaria foi quase “bisonha”, cabendo a verdadeira implantação na gestão da professora Wadya, sua substituta) e ex-diretora e reitora da Unitins - Universidade do Tocantins.

A publicação a seguir é uma cópia fiel do que foi publicado na edição nº 01 do Jornal Integração.

1997 - Festa em Goiânia com a inauguração do Estádio Serra Dourada.

Muitos dias antes de “se abrirem as cortinas daquele palco iluminado”, como costumam dizer os locutores esportivos, já a nossa querida e elétrica professora Wadya preparava-se para dar o ar de sua graça.

Salões de beleza, boutiques da moda, e na hora do grande e histórico momento, lá estava ela, nas arquibancadas, chamando a atenção pelo seu charme e elegância. E a assistência fica em dúvida: não sabe se olha para o centro do tapete verde, onde se encontram as seleções goiana e portuguesa, ou se olha para o lado, onde se encontra uma seleção de simpatia, que rima com Wadya.

E o jogo começa. Wadya quer falar, mas as atenções já estão voltadas para o mundo da bola. Cutuca um, cutuca outro, mas nada. A bola já é mais importante, deixando a todos hipnotizados. Termina o primeiro tempo e vem o intervalo. Termina o intervalo e vem o segundo tempo.

- Olha lá!, grita a Wadya.

- Cala a boca!, escuta a Wadya.

Como todo jogo de futebol que se preza, em dado momento os “catiripapos” no meio do campo. Briga entre jogadores. Wadya levanta-se da arquibancada e, feliz da vida, exclama a todo o vapor: “Eu já sabia! Há muito tempo que eu queria falar de um homem de preto, correndo para lá e para cá, atrapalhando o jogo!”. Por certo, vocês já estão sabendo para onde se transferiram os “catiripapos”.

Esta foi toda a narrativa do Jornal Integração. Mas agora quero prestar a minha homenagem a esta figura sensacional chamada Wadya Carvalho de Oliveira, a quem considero uma iluminada e abençoada por Deus. A professora Wadya é única, sabe tudo sobre tudo, mas o seu ponto fraco era o esporte.

Vou agora contar outro fato acontecido com ela, e por mim testemunhado. Na década de oitenta, quando eram disputados os Jogos Estudantis, na Quadra do Senai, o Colégio Integrado de Araguaína e o Colégio Pré-Universitário, dois adversários tradicionais (quando eles jogavam, independente da modalidade, a cidade parava), disputavam o título no futebol de salão. Ao ser iniciado o segundo tempo, a professora Wadya, que estava ao meu lado torcendo pelo Integrado, olhou para mim e reclamou do fato de o técnico - o nosso querido Renato Timóteo - ter sacado da equipe o goleiro Jadson, que vinha se constituindo como o melhor homem em campo, com defesas sensacionais.

Foi então que expliquei à professora que o Jadson, hoje farmacêutico-bioquímico, continuava jogando, só que no segundo tempo os times mudam de lado.