A ave voou

No dia em que se comemorou o Dia Nacional do Compositor, o Maranhão perdeu um grande músico. O cantor e compositor Neném Bragança se uniu a outros cantores no céu para continuar entonando sua voz e suas melodias. Neném foi um dos maiores vencedores de festival de música de Imperatriz. Venceu por aqui e por outras terras mais distantes. Enfrentando um câncer há alguns anos, ele não resistiu e veio a falecer na madrugada de ontem. Tentou encarar a morte e esteve em São Paulo. Mesmo assim, a doença venceu, aliviando as dores e seu sofrimento. Perde a música, perde a cidade um filho ilustre.

Pesar

O Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado de Comunicação Social (Secom), externa pesar pela morte do cantor e compositor imperatrizense Raimundo Nunes da Luz Ferreira, o Neném Bragança, na manhã dessa quinta-feira (15). Em sua trajetória de vida, Neném Bragança marcou o cenário musical maranhense. O cantor lutava contra um câncer no palato (céu da boca) desde o ano passado.

Fim

Em 15 de janeiro de 1985, a chuva forte em Brasília não impediu que uma multidão se concentrasse em frente ao Congresso, parte abrigada sob uma bandeira nacional, alguns escalando as cúpulas de concreto. Lá dentro, com plenário e galerias lotados, Tancredo Neves era eleito o primeiro presidente civil no País em 21 anos, pelo mesmo instituto criado pelos militares para eleger seus generais: o Colégio Eleitoral.

Ditadura

Na sessão, que durou cerca de três horas e meia, Tancredo derrotou o candidato do extinto PDS, Paulo Maluf, que não tinha apoio unânime entre os militares. Foram 480 votos contra 180. A vitória veio no voto do deputado João Cunha (PMDB-SP), o de número 344, que garantiu a maioria ao candidato da oposição. “Tenho a honra de dizer que o meu voto enterra a ditadura funesta que infelicitou a minha pátria”, disse, entre aplausos, pouco depois das 11h30 daquela terça-feira. Quase uma hora depois, Tancredo Neves leria seu discurso da vitória. “Esta foi a última eleição indireta do País. Venho para realizar urgentes e corajosas mudanças políticas, sociais e econômicas indispensáveis ao bem-estar do povo”.

Militar

Da mesma forma que na bancada do PDS (originário da antiga Arena, partido do governo militar) grande parte dos deputados votou em Tancredo, na oposição nem todos o escolheram. O diretório nacional do PT decidiu pela abstenção, por avaliar que o partido deveria continuar na luta por eleições diretas. Dos oito deputados, três – Bete Mendes, Ayrton Soares, então líder da bancada na Câmara, e José Eudes – votaram a favor de Tancredo e foram expulsos do PT.

Estratégia

As negociações que culminaram na candidatura de Tancredo pela Aliança Democrática começaram oficialmente logo após a derrota da emenda Dante de Oliveira (das Diretas) na Câmara. Integrante da dissidência do PDS à época, o deputado Simão Sessim (PP-RJ) lembra que o grupo se formou a partir da vitória de Paulo Maluf na convenção do partido, derrotando Mário Andreazza, que tinha apoio amplo entre os militares.

Vice empossado

Presidente eleito, Tancredo Neves não assumiu o cargo. Na noite de 14 de março, véspera da posse, foi internado no Hospital de Base de Brasília com o diagnóstico de diverticulite. Morreu em 21 de abril.

Redemocratização

Foi empossado como presidente da República o vice, José Sarney, a quem coube conduzir o processo de redemocratização e convocar a Assembleia Nacional Constituinte, em 1987. Em 1989, na primeira eleição direta para a Presidência da República após o regime militar, foi vencedor Fernando Collor.