Em que pese matéria oportunista, golpista e criminosa da reacionaríssima Veja, o voto livre e soberano dos cidadãos e cidadãs brasileiros venceu ao ódio, e a eleição presidencial chegou ao final, coroando a festa da democracia e dizendo, mais uma vez, aos criminosos da informação manipulada que os eleitores desta terra brasilis não são massa de manobra da Globo, como se deu na catastrófica eleição de Collor de Mello e no enfrentamento de Leonel Brizola, no pleito de 1982, ao disputar o governo do Rio de Janeiro, quando teve que lutar, com a bravura que sempre o caracterizou como líder destemido, contra o regime autoritário militar, embora no já estertor, os institutos de pesquisas, todo o sistema Globo (TV, rádio e jornal) e a empresa Proconsult, responsável pela computação (e manipulação dolosa) do resultado do certame eleitoral. Muito menos, são massa de manobra da nossa grande mídia partidária, que tudo fez para influenciar, de forma abusiva e deletéria, menosprezando a inteligência do povo brasileiro, ao fomentar resultado favorável à candidatura do PSDB. E, mais uma vez, essa mídia, com atitude golpista, portanto condenável e devendo receber o repúdio das pessoas sensatas e com o mínimo de espírito democrático, sucumbiu ante a sua torpeza. Mas, esses inescrupulosos fatos não são uma surpresa, porquanto essa mesma mídia participou, ativamente, do golpe de 1964. Assim, tem, na sua essência, o pedrigree do golpe, já que foi tão golpista quanto os militares e o Congresso Nacional. Basta ler a história isenta, para comprovar esses vergonhosos fatos.
No curso da disputa, as folhas e capas dos jornais, revistas nacionais, entre as quais a golpista e desacreditada Veja, bem como os canais de TV, apostavam todas as suas fichas no candidato da elite, que já tinha “nomeado” (que petulância, hem?!) o seu Ministro da Fazenda, o conhecidíssimo representante do capital estrangeiro, o economista Armínio Fraga, que, como presidente do Banco Central, no período de FHC – o que chamou os aposentados de vagabundos, lembram? –, elevou os juros à estratosfera, a fim de atender a interesses econômicos desses abutres exploradores. Concluída a votação do primeiro turno, com o PSDB, sendo vitorioso em São Paulo, um economista, desses que enricaram com aplicação financeira, gerando o desemprego e pouco ligando para o destino da classe menos aquinhoada, mostrando o poder retórico do mercado, prestou essa fascista declaração: “Mais uma vez e de forma contundente o povo bandeirante mostrou que, nessa terra que prosperou capitalista, se valoriza o trabalho, a meritocracia e o empreendedorismo. E não o assistencialismo, o Estado-provedor e a cultura do jeitinho.” Em resumo, quis esse milionário financista, que deve andar de helicóptero, não vendo a pobreza e falta dágua (deve tomar banho de água mineral) nas ruas e bairros de São Paulo, que pobre é pobre e deve ficar com os tormentos de sua pobreza. E rico é rico e deve continuar acumulando os tesouros das suas riquezas. Como dizia o bordão de um dos personagens de Chico Anísio: pobre que se exploda!
Por isso mesmo, acreditando esses fascistas que só São Paulo prospera, valorizando o trabalho, concluíram que os demais “brasileiros” são atrasados, por serem desinformados, preguiçosos e ignorantes, o que levou o coordenador da campanha do candidato tucano, o senador Agripino Maia, integrante do DEM-RN, a afirmar que torcia para que os eleitores da presidenta vitoriosa se atrapalhassem na hora de votar, acrescentando preconceituosamente: “– O eleitor dela é menos letrado. Pode errar mais, ir menos à urna.” Enganou-se o preconceituoso vidente Agripino, como, do mesmo modo, se enganou toda a grande mídia partidária brasileira. O eleitor do nosso país, diferente do que sustenta Agripino, seguindo a nefasta lição de FHC, não é mais tão pobre e tampouco desinformado. Sabe o que quer. Os mais ricos, nem sempre informados, escolhem a sua riqueza. Os outros nem tão pobres nem tão ricos escolhem outros caminhos, não necessariamente as benesses da riqueza, mas a possibilidade de poder viver com mais dignidade, não vendendo a sua alma ao diabo, por qualquer preço.
É estupidez afirmar que o país está dividido. O povo brasileiro, como fizeram os gregos na democracia antiga, optou não só pela liberdade retórica, mas viver a liberdade, não se submetendo aos grilhões do escravismo financeiro. É a democracia do homem comum, em que todos são iguais, sem distinção de ricos e pobres, de sulistas ou nordestinos, de capitalista ou trabalhador, de empregador e empregado. Não se atrapalha, elege. Não erra, escolhe o modelo que o valorizou e o retirou do mapa da miséria e da fome. Não sendo desinformado, optou por um modelo que lhe garante o emprego, com um salário ainda que não tão digno, mas bem melhor do que o que lhe era imposto na época do FHC. Não é bobo; é muito inteligente. Sabe que vem concretizado o seu sonho da casa própria, também não mais lhe faltando o atendimento médico, mesmo nas cidades mais distantes. É muito bem informado e sabe que o programa bolsa família lhe garante o mínimo do exercício de sua cidadania, pois lhe possibilita ser gente, sem necessidade pedir esmola aos ricos. É esse o recado contundente das urnas. Quem não quiser entender, é tão desinformado como José Agripino e FHC, representantes do fracassado modelo neoliberal.