Ex-marido. Ex-mulher. Ex-namorados. Ex-amante. Ex-emprego. Ex-empregados. Ex-jovem. Ex-velho. Ex-alegre. Ex-triste. Embora raro, mas ainda assim, ex-drogado. E, agora, mais recentemente (e tão recente assim), há os ex-BBBs, uma mistura de burrice, imbecilidade e chatice em alto grau. Uma tortura diária, nem igual ao paredão de Fidel Castro, utilizado nos áureos tempos em que Cuba eliminava, com os mesmos métodos de execução da Indonésia, os inimigos do regime recém-implantado após a revolução (esta, sim, revolução) que derrubou Fulgêncio Batista, títere que transformou Havana em quintal dos Estados Unidos da América do Norte.
Vivemos o mundo dos exes. Não sei se certo – nem quero saber – estou fazendo uso de um neologismo pluralizando ex, porque são tantos exes. O velho que chega a velho e, de um momento para outro, passa a ser ex-velho, ou ex-velha, até porque ninguém quer ser mais velho. É idoso ou idosa. Palavra com acepção mais agradável. Mesmo fazendo cruéis exercícios físicos, bebericando o medicamento mais moderno e amargo para rejuvenescer, pintando o sete, entre os quais o cabelo, que, para não ser branco, fica castanho ou pretinho, pretinho, velho sofre. E como sofre. Não há como esconder a tosse estridente e aquelas dores no corpo inteiro, ou nas juntas. Usa-se todo tipo de creme ou óleo. E nada. O riso arreganhado não esconde o dilacerar passar do tempo. 
Ex-criança, mas ainda criança. Por mais que queiramos, não conseguimos nos libertar da criança que está agasalhada no nosso inconsciente. Já disseram – e já ouvi isso tantas, e repeti – a criança é o pai do homem. Somos crianças. Ah!, o ex-amor. Tem gente que não esquece o ex-amor. Ou porque foi um grande amor de sua vida. Ou porque foi uma tragédia. Fala bem. Fala mal. Mas fala. Se não fala, dorme e acorda lembrando os momentos felizes, ou as grandes dores. É o ex que continua sendo, embora não sendo para o outro. É duro ser ex-amor. Ou manter no recôndito da frustração o ex-amor. Não confundir ex-amor com ex-marido ou ex-mulher. Uma coisa não tem nada a ver com outra. Nem sempre o ex-amor é o ex-marido ou ex-mulher. Pode haver nessa mera semelhança um gravíssimo engano.
Sabem o que é pior do que o inimigo, aquele que visceralmente não gosta do seu tipo, da sua voz, da sua competência, da sua felicidade, da sua paz, do seu sucesso? Sabem? Respondo, sem esboçar qualquer  dúvida: é o ex-amigo. Mas pior, dizem os entendidos em coisas femininas, é a ex-amiga. Olhem, confesso a minha ignorância, não sei por quê. Talvez, tento matreiramente explicar, por diferença de temperamento. Sem nenhum sentido discriminatório, o homem vai deixando a coisa ir. A mulher, mais perspicaz, de olhar atento, sempre encontra um defeito no ex-amigo ou ex-amiga. E, se for ex-amiga, aí é que a coisa se complica. Tá gorda. Tá muita magra. Ih!, tem um jeito desagradável de falar. Veste-se com um figurino ultrapassado, ou, ainda, como se fosse uma mocinha, com escondidas rugas de velha. Ah!, perdoem-me, a ex-amiga é terrível. Não deixa passar nem o reles perdigoto, que escapa numa descompromissada conversa a distância. Coitada da ex da ex. Sofre mais que Judas em sábado de Aleluia.
Fala-se agora ex-dinossauro. Não sabia. Agora, por esses tempos arqueológicos, descobriram, na Venezuela (logo na discutida Venezuela, de Maduro e do ex-Chavez), em outubro de 2014, uma espécie de dinossauro carnívoro. O ex-animal pré-histórico está reduzido a tíbia e quadril. Ainda assim, dinossauro. Foi batizado, como costuma ser, com um nome esquisitíssimo: Tachiraptor admirabilis. Os cientistas das coisas antigas continuam na sua incessante busca. Querem, indo mais adiante, transformar o ex em dinossauro mesmo. Talvez o batizem com um nome menos complicado, para que se possa melhor compreender o sentido do seu achado. 
Apesar de todas essas questões dos exes, devo dizer-lhe que Jesus, graças ao Pai, continua firme, embora vítima de uma récua de estelionatários, que usam e abusam do seu nome e da estupidez e da boa vontade de muita gente para encher os bolsos e conta bancária com muito dinheiro. Pelos anos 70, apareceu um sujeito, um ex, felizmente, que se dizia a encarnação de Cristo. Um tal de James Warren Jim Jones, líder religioso do Templo do Povo. Induziu 914 pessoas, entre elas 276 crianças, a cometerem suicídio. O ex-encarnação de Jesus, após a tragédia, deu um tiro na cabeça. Foi-se encontrar com Hitler, um outro ex-fanático. Ultimamente, tem-se falado nos ex-pobres. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipeadata), divulgados em novembro de 2014, no Brasil, a pátria da crise, a pobreza baixou para 28,6 milhões. Em 2003, os pobres somavam 61,8 milhões. O grave problema: esses ex-pobres têm perturbado muita gente boa nos aeroportos. Conviver com ex-pobres é um tormento, afirmam os inconformados. Só resta uma alternativa: aguentar esses exes e enterrar o ex-passado. Aí talvez não esteja uma verdade. Mas uma ex-verdade, sem que a verdade seja uma mentira. Apenas uma verdade que não se quer verdade.