Enfim, uma primeira página do jornal O Globo, de 30 de março de 2015, que trata da educação básica, que destaca: “Professor já ganha mais em escolas públicas”, para ressaltar que “em média, salário é de 6% maior do que na rede particular”. Conclusão: a crise, tão falada e reiterada em toda a nossa mídia escrita e televisada, não atingiu a escola pública, pelo menos no que concerne à melhoria do ganho do nosso professor. A matéria de fundo, publicada numa página quase inteira, no caderno Sociedade, traz algumas informações que merecem ser transcritas. A professora Lucy Corrêa Bauly, de 58 anos de idade, trabalhou em escolas particulares por 23 anos, quando recebia salários maiores do que o setor público. Em 2012, fez concurso para dar aulas no setor privado, tendo começado com um salário maior do que o ganhava em escola privada. Enfim, pesquisa feita por O Globo, em 2002, constatou que um docente da rede privada recebia, em média, 18% mais, para uma jornada de 40 horas semanais. Ao longo da década passada, a distância salarial entre as duas redes de ensino diminuiu, até chegar a 2011, quando a pública superou a privada. Além da superação salarial, houve melhoria nas condições estruturais do ensino, com a valorização estratégica do docente com relação aos privilégios do aluno que paga para estudar. Enfim, sem grande alarde, um setor público não contaminado pela ufanada crise.
Enfim, uma luzinha no fim do túnel. Um editorial da Folha de São Paulo, lúcido e pertinente, sobre a situação que envolve a impunidade de políticos do PSDB. Para os desavisados, esclareço que o editorial foi publicado na página A4, no dia 30 de março de 2015, com o título Justiça tarda e falha, e o subtítulo: Prescrição, atrasos, incúria e engavetamento beneficiam políticos do PSDB acusados de irregularidades, inclusive no dito mensalão tucano. Algumas passagens do texto: “Há um ano, o Supremo Tribunal encaminhou à primeira instância da Justiça de Minas Gerais o julgamento do ex-senador Eduardo Azeredo, do PSDB. Nada aconteceu desde então. Ex-presidente de seu partido, Azeredo é acusado de ter abastecido sua campanha ao governo de Minas, em 1998, com verbas desviadas de estatais, valendo-se de empréstimos fictícios.” Esclarece o editorial que se trata do mesmo “mensalão” petista e “um dos seus principais personagens, o empresário Marcos Valério, havia sido também responsável pelo esquema tucano”. E mais: “A lentidão mineira se soma ao caso de entravamento da Justiça ocorrido em São Paulo, para benefício de outro político do PSDB.” Neste caso, é o deputado estadual Barros Munhoz, do PSDB, já beneficiado pela prescrição. Um esclarecimento: o mensalão mineiro do qual é acusado o ex-senador Eduardo Azeredo, do PSDB, é onde se originou o mensalão petista, cujos integrantes foram condenados. A turma do PSDB continua imune e impune. Enfim, está evidente que ser do PSDB é ostentar o salvo-conduto da impunidade.
Enfim, sem preconceito, a situação não está tão preta. A Folha de São Paulo, em reportagem publicada na página B6, caderno Mercado, no dia 1.° de abril de 2015, informa que a Petrobras não está tão falida assim. Enfim, o texto, embora escondido e sem destaque, afirma que, em tempos de cortes de investimentos, a nossa empresa petroleira beneficia-se da maior produtividade dos poços do pré-sal, que jorram um volume maior de óleo do que o previsto. Enfim, enfatiza que estatal, tão vilipendiada nos tempos atuais, produz mais com menores investimentos: “A produção atual, porém, é de 25 mil barris/dia, em média, em cada um dos 17 poços perfurados nos dois campos – Lula e Sapinhoá.” Como a notícia foi dada em 1.° de abril, não sei se não padece do vício da mentira. Mas... Acredito nela, pois, enfim, depois de tantas agressões à velha Petrobras, um dos jornais que mais combate do governo e o petismo, não se daria ao luxo de perder o seu tempo contando lorota.
Enfim, o famigerado deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara, deu uma de Vampeta – aquele célebre jogador que fez sucesso em alguns clubes brasileiros. Disse, em entrevista, que “na prática a gente finge que está lá (no governo). E eles fingem também (que o PMDB está no governo).” Vampeta dissera coisa semelhante quanto jogava no Flamengo. Mais ou menos assim: eles fingem que nos pagam, e a gente finge que joga. Em ambas situações, percebe-se uma declaração irresponsável, cretina e calhorda, típica de pessoas que não encaram seus compromissos com responsabilidade, sobretudo quando se trata de natureza institucional.
Enfim, uma crônica que merece ser lida e relida. Fernanda Torres, em belíssimo texto, na Folha de São Paulo, em 3 de abril de 2015, sob o título Fouché, faz um paralelo entre o momento político vivido por Dilma Rousseff e o desfecho da Revolução Francesa, em cujo vácuo surgiu Napoleão, coroado imperador, fazendo retornar o absolutismo. Joseph Fouché trafega por todos esses momentos, até a chegar a ministro da polícia de Napoleão. Bonaparte, curioso, pergunta-lhe qual seria sua atitude se o império caísse em desgraça. Resposta: tudo faria para apagar a sua história bonapartista e passaria a servir aquele que estivesse no poder. Eduardo Cunha e muitos outros são adeptos dessa arrivista teoria. Nesse ponto, a história não mente. Repete-se, com a cafajestice dos seus atores. E ainda dizem que é política.