Estou em plena Carolina. Bem no Sul do Maranhão. Já foi um dos municípios mais prósperos deste Estado. Um grande produtor de carne e exportador para outros mercados, como o do Pará. A sua história econômica é de exuberante riqueza. Por aqui, esteve o grande Procópio Ferreira se apresentando no teatro da cidade. Também passou, pelo seu aeroporto, um dos melhores da região, o corpo de Cármen Miranda, quando trasladado dos Estados Unidos para o Rio de Janeiro. Possuía um excelente meio de transporte fluvial, através do qual o sua produção agropecuária era escoada. Hoje, tem um museu, o Museu Histórico de Carolina, onde se encontra um acervo que conta toda a sua vida social, econômica e política. Carolina é uma espécie de berço cultural da região tocantina. Erigida às margens do Tocantins e banhada por outros volumosos rios, é considerada a terra das águas, um recanto idílico, de prazer, para quem quer livrar-se das turbulências da cidade grande. Tem vários santuários ecológicos, destacando-se, entre eles, Pedra Caída, Chapada da Mesa e Cachoeira do Itapecuru. Mas não é só isso. Carolina continua tendo um forte comércio. E, atualmente, um mercado de turismo promissor, com a estruturação de pousadas, para acolher as pessoas que vêm para usufruir das belezas naturais de que é dotada. O turismo tem se intensificado, com a vinda, nos fins de semana e, nos períodos grandes, como a Semana Santa, de muitas famílias que vêm de vários lugares para viver o que Carolina e sua estrutura turística, ainda em formação, podem oferecer.
Mas, como diz o poeta Carlos Drummond de Andrade, há uma pedra no meio do caminho. Primeiramente, o poder público que nada tem feito para conceber um projeto turístico para Carolina. Há uma irresponsável inércia nesse sentido. E, quando falo do poder público, me refiro ao município e ao Estado do Maranhão, sem excluir a administração federal. Houve um momento, na recente história carolinense, que se estabeleceu um vínculo, com a finalidade de se viabilizar condições turísticas, quando Fernando Mesquita trabalhava nessa área, no governo federal, e João Odolfo, com uma visão futurista, era o prefeito de Carolina. De lá pra cá, não se teve grande avanço, a não ser algumas gestões pontuais, que não vale a pena sequer ser mencionadas. Em segundo lugar, a estrutura bancária é a pior possível, a começar pelo Banco do Brasil, que tem prestado um desserviço a Carolina. Na cidade, há três bancos. Um privado, à evidência, tem como objetivo fundamental o lucro. Não participa de políticas públicas. O outro banco é o BASA, de reduzida participação no cenário econômico do município. Desconheço as ações do BASA, sobretudo no diz respeito à implementação econômica no município, voltada para projetos turísticos. A Caixa Econômica foi desativada, ficando o Banco do Brasil, com a dupla finalidade de fazer políticas públicas, pelo menos em governos passados, o era, e competir no mercado financeiro.
Em termos de atendimento ao público, o Banco do Brasil tem se constituído num absoluto fracasso. Faço um ligeiro relato: nesta Semana Santa, cheguei a Carolina no dia 7 deste mês, sábado. Não tive necessidade dos serviços do banco. Não fui à agência. No domingo, necessitei ir, pois precisava fazer saque. Todos os caixas eletrônicos estavam inativos para essa operação. Muitas pessoas, clientes do banco, entravam e saíam apenas para fazer outras operações bancárias, como transferência ou pagamento. Deixei então para segunda-feira. Dez horas, estava na agência. Um mundo de pessoas no seu interior, na maioria pessoas idosas, como o meu amigo Walcácer, membro da Academia Imperatrizense de Letras, já com os seus mais de oitenta anos de idade, a enfrentar uma quilométrica fila. Todos os caixas eletrônicos sem dinheiro. Como é do meu feitio, fiz um discurso de protesto. Em vão, ninguém apareceu. Pelo que deduzo, o Banco do Brasil não tem interesse em saber se os seus serviços em Carolina são de péssima qualidade. A justificativa são os assaltos. Corriqueiros. A falta de segurança. O que isso tem a ver com a qualidade da prestação dos serviços, ou com as necessidades deste escriba, ou com os idosos clientes que vão ao banco para ter um atendimento digno. Ora, se não tem condições de funcionar, feche. Quem não condições de se estabelecer, que sai do mercado. Se a intenção velada é criar uma situação precária, para justificar a privatização, então, sem hipocrisia, privatize-se logo. Sem embromação.
O Banco do Brasil tem terceirizado quase todo o seu serviço. Antecipou-se, nessa catastrófica reforma trabalhista, ao Temer. E, com isso, teima em fazer com que as pessoas que chegam a Carolina passem a nutrir por essa hospitaleira cidade um frustrado ódio, cuja causa está na precarização dos seus serviços. O carolinense vem sofrendo calado. O Ministério Público já deveria ter acionando judicialmente o Banco do Brasil, com base no CDC. Enquanto nada ocorre, e ninguém toma nenhuma medida dura contra o banco, deve-se resistir ante essa insistência doentia do banco de criar uma situação de desamor para com Carolina. O turista, que precisa do Banco do Brasil, nos fins de semana ou em grandes feriados, está em total desamparo. Os paraenses, que só têm Mosqueiro e Salinas, adoram Carolina, que ainda tem a presença do sãoluisense. Mas o BB ignora. E haja má prestação de serviços. Fazer o quê? Alguma medida drástica deve ser adotada. Ou o banco presta serviços de qualidade, de forma contínua e segura, ou adote-se alguma providência em defesa dos seus correntistas, que estão ao inteiro desamparo. A questão da segurança não é de responsabilidade do usuário dos serviços bancários. Que o banco a resolva. Do mesmo modo, as forças públicas policiais. Como está, é um descalabro. Um desrespeito ao usuário, ao correntista, ao turista, ao consumidor. Enfim, ao cidadão, agredido na sua dignidade.
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