Aureliano Neto*
Setembro, para mim, sempre foi um mês agradável. De um semblante jovial, afagado pela beleza das flores de primavera, que se vestem em trajes iridescentes, para conceber um quadro de alegria nas manhãs ensolaradas. Assim, trata-se de mês típico, com indumentária própria, que difere do mês agosto, que, por superstição, muita gente o tem como azarado, apresentando-se como placo da ocorrência de grandes tragédias não só nacionais como internacionais.
O mês de setembro é marcado por alguns acontecimentos que o diferenciam dos outros meses do nosso calendário. Cita-se que, no dia 1° de setembro de 1985, foram encontrados os primeiros destroços do navio Titanic, que, como é do conhecimento de todos, afundou no mês de abril de 1912, matando mais da metade dos passageiros que nele se encontravam. Mas vejam bem, foi no mês abril que se deu o fatídico naufrágio que levou à morte mais de mil pessoas, que eram passageiras do suntuoso e imenso navio inglês.
Agosto, apesar de todos os acontecimentos trágicos, ocorridos nos outros meses, pegou a má fama de azarão, ou seja, é tido como o mês das grandes tragédias. Tanto que o 13 de agosto, por si mesmo, é esperado com todas as precauções, inclusive quanto à realização de viagens. E se cai numa sexta-feira, a vida nesse dia fica de mal a pior e, portanto, dura de ser vivida. Há pessoas que nem saem de casa, nem mesmo do quarto de dormir, com o temor de que algo de mal venha a acontecer.
Este ano de 2011, o mês setembro, apesar da primavera que se avizinha, venceu o de agosto, tudo por causa dos dez anos do atentado terrorista às Torres Gêmeas, em Nova York, em que foram ceifadas as vidas de milhares de pessoas. Foram repetidas à exaustão as cenas dos aviões, conduzidos por terroristas da Al Qaeda,organização liderada por Bin Laden, que projetavam as aeronaves nos dois grandes prédios, para jogá-los por terra e matar os seus ocupantes. Foram mortas 2.976 pessoas.
Esse trágico acontecimento mostrou ao mundo, perplexo com o que via, que os Estados Unidos da América do Norte não eram tão poderosos como apregoavam nos sucessivos eventos intervencionistas em que se faziam presentes como protagonistas. O 11 de setembro de 2001 teve o poder de expor uma outra face da história, não como fim em si mesma, mas como recomeço de tudo. Um novo caminhar. Dessa outra face emergiu a fragilidade econômica dos Estados Unidos, que, com os brios feridos, travaram, de imediato, duas desastrosas guerras contra o Afeganistão e o Iraque, donde não sairão tão cedo, face as implicações políticas (em termos de estratégia de poder) e econômicas (centradas na riqueza do petróleo). Também desses escombros emerge, bem fortalecida, a China, país comunista, com forte presença do estado, porém dotada de uma força econômica, já que é o pais que mais cresce no mundo. Numa outra ponta, aparecem os emergentes, entre os quais o Brasil, com fortíssima liderança política e econômica na América do Sul, além de ter participação, como protagonista, nos grandes eventos mundiais, tendo saído quase ileso da crise norte-americana e estando a vencer as dificuldades com o grave momento econômico pelos quais passam os países do mercado europeu.
Mas falávamos das peculiaridades dos meses – setembro e agosto – e saímos para outro rumo. Isso para o necessário exame do novo momento histórico, por que estamos a passar. O certo é que setembro, diferente do mês de agosto, não pode ser encarado apenas como um tempo trágico, a ser lamuriado. 11 de setembro, por causa do fatídico evento de 2001, é um dia histórico, a lembrar um acontecimento que deu uma guinada no próprio curso da história. Mas, nem só de 11 de setembro vive setembro. Dia 23 é considerado a chegada da primavera, a denominada estação das flores. Devemos ficar alegres com esse acontecimento, que nos é legado pela natureza. Chega-nos como uma dádiva dos céus. Além da primavera e início do verão, porque vem uma estação e a outra a sucede, em setembro se comemora o dia da árvore e o dia mundial sem carro. É um mês com profunda conotação ecológica, tanto que nele é comemorado o dia do professor de educação física. Setembro, assim, é um mês cheio de datas que exaltam a vida. E o 11 de setembro é apenas um evento entre tantos a serem lembrados.
Agosto, mês considerado azarão, já nos deu alguns tormentos, como o suicídio de Getúlio Vargas e a renúncia de Jânio Quadros, fatos que contribuíram para mudar o curso de nossa história política.
Não sejamos, pois, tão trágicos quanto ao mês de setembro, apesar do dia 11, de péssima recordação para os norte-americanos. Fiquemos por aqui, nos limites de nossa cidade, vendo os acontecimentos do mundo, sem esquecer que nós somos os senhores do nosso próprio destino.
*aureliano_neto@zipmail.com.br
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