A vaquejada é tradicional no Nordeste, especialmente no Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará, Maranhão, Pernambuco e Piauí. Não há uma data exata de quando tudo começou, mas sabe-se que foi há muitos e muitos anos, a partir dos momentos em que os vaqueiros começavam a juntar os bois nos finais de tarde nos pastos das fazendas, enfrentando sol e chuva nas caatingas nordestinas. Como, às vezes, um ou outro vaqueiro tinha que correr atrás e até mesmo derrubar o boi, a tradição chegou às cidades e virou uma festa. Hoje, é mania nordestina e, por que não dizer, mania nacional.
Agora em maio começa praticamente a temporada de vaquejadas no Nordeste e no Norte do Brasil, especialmente no Maranhão e no Pará. No Maranhão, há boas vaquejadas na região de Imperatriz, João Lisboa, Chapadinha, entre outras inúmeras cidades. Os prêmios são altos. Chegam a R$ 100 mil ou 200 mil. Os eventos são transmitidos por canais de TV especializados no assunto. Levei um susto quando o experiente vaqueiro Marcelo Ninho revelou que rejeitou R$ 140 mil no seu belo e imponente cavalo. “Tem empresário e pecuarista dono de cavalo que vale R$ 300 mil”, disse ele. Não tinha noção de valores das vaquejadas. Realmente os valores são altos e o lucro é garantido, mesmo pagando bons prêmios aos vaqueiros.
Na semana passada, por exemplo, ocorreu a 12ª Vaquejada do Parque Chico Oliveira, em Parauapebas (PA), que contou com a participação de vaqueiros e pecuaristas de vários estados, incluindo Alagoas, Amapá, Ceará, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte e Tocantins. O número de vaqueiros também foi recorde: 387 senhas entre amadores e profissionais. Na categoria profissional, o prêmio maior (um carro Gol zero km) foi dividido entre os cinco vaqueiros que não perderam nenhuma senha, isto é, não deixaram de derrubar boi no parque. São eles: Bilú (Macapá-AP), Joelson (Parque Chico Oliveira – Parauapebas), Claudinei (Açailândia – MA), Lincoln Miranda (Mãe do Rio – PA) e Celso Vitório (Arapiraca – AL). Eles decidiram dividir o valor equivalente ao prêmio a ter que arriscar uma disputa e o prêmio ficar com apenas um vaqueiro. “A decisão foi deles. Eles decidiram assim e nós acatamos”, afirmou Salim Vale Boi, coordenador da vaquejada e locutor do evento (o locutor Faustino também narrou a vaquejada). Salim tem 30 anos de experiência viajando o Brasil, especialmente o Norte e o Nordeste, organizando vaquejadas com o apoio de empresários e pecuaristas donos de parques de vaquejada.
Na categoria amador, os vencedores foram: Marcos Wiles (Nova Ipixuna – PA), esteirado pelo Gel (Esteira é o vaqueiro que corre do outro lado paralelo ao boi), e Fábio Bezerra (PI), esteirado pelo vaqueiro profissional Maurício, da Construforte-Parauapebas. “A qualidade dos vaqueiros foi excelente. O Parque Chico Oliveira apresentou um grupo excelente de vaqueiros profissionais e amadores. Foi uma festa maravilhosa e venceu realmente quem merecia vencer, sem nenhuma contestação”, afirmou o juiz Mailton Amorim, de Campina Grande (PB), que atua como juiz de vaquejada há 29 anos em todo o Brasil.
Edição Nº 14408
A força das vaquejadas
Lima Rodrigues
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