O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) apontou a contradição do governo federal ao privatizar três dos maiores aeroportos do Brasil: o de Guarulhos, Viracopos e Brasília. Demóstenes lembrou que a privatização de estatais ocorrida nos governos FHC pautou o debate eleitoral nas últimas três eleições presidenciais e ainda rende dividendos políticos. “A mistificação do entreguismo turvou para a população a evidente melhora dos serviços em áreas essenciais, como a telefonia e a infraestrutura”, afirmou.
Para Demóstenes, a decisão de desestatizar os aeroportos brasileiros reconhece o modelo estratégico implantado na década de 1990 e enterra um dos principais capitais políticos do petismo. “O leilão ocorrido nesta semana na BM&FBovespa derrubou o muro da guerra fria ideológica disseminado no Brasil. O simbolismo do ato é inegável, mesmo com o financiamento do BNDES e o controle de 49% das ações por parte da União, duas fórmulas satanizadas pelos estilingues que viraram vidraças”, ressaltou.
Segundo o senador, “a virtude da manobra tem origem no pecado: a concessão dos aeroportos se concretizou porque o governo é incapaz de preparar a Copa de 2014”. Demóstenes disse ainda que o ágio de até 600% e os R$ 24,5 bilhões arrecadados são “imprescindíveis” para tanto. “Passou a bola para a frente para evitar goleadas e rebaixamento. A mudança de visão da Presidência aos 45 minutos do segundo tempo e a necessidade de agradar a anacrônicos de sua turma resultaram em um processo capenga de privatização. Adotá-la mais de 15 anos depois esbarra na atrofia da proposta de execução”, criticou.
“Privatização desse gênero não é a ideal em volume e método, mas estamos mais próximos da rota correta ao retomar o percurso. O radicalismo perdeu o debate e mais uma vez ficou evidente que o crescimento econômico e o desenvolvimento tecnológico não ocorrem no lombo de um estado mastodôntico”, ressaltou. (Nota enviada para a coluna por Cláudio Vincié, da Assessoria de Imprensa do senador Demóstenes Torres)