Momento de união...

Como seria bom se houvesse união em prol do Brasil. Mas isto é impossível. O que há é uma disputa entre a esquerda, ou o que sobrou dela, e a direita nesta reta final da eleição presidencial.

Como seria bom se após a eleição e a partir da posse do novo presidente do Brasil, os perdedores fizessem uma oposição programática e não sistemática, que criticassem, mas sugerissem bons projetos ao país, de interesse do povo, e não adotassem estratégias que possam prejudicar e inviabilizar o futuro governo, que tomará posse dia 1º de janeiro de 2019. Nada de oposição por oposição. Isto serve tanto para um lado como para o outro.

Como seria bom se não houvesse tanta fake news, as famosas notícias falsas nas redes sociais, prejudicando ou favorecendo de um lado e do outro das duas candidaturas ou radicalismo implacável que só prejudica o processo eleitoral.

Como seria bom se todos se respeitassem e compreendessem que em uma democracia o cidadão escolhe em quem quer votar, sem precisar ser pressionado, ovacionado ou vaiado na multidão.

Como seria bom se os candidatos eleitos cumprissem de fato e de direito todas ou pelo menos parte de suas promessas de campanha. A população já ficaria muito feliz.

O resultado desta eleição não significa o fim do clã Sarney

Discordo de alguns jornalistas e comentaristas que alardearam por todos os cantos que acabou a era da família Sarney no Maranhão, por causa da reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB) e das derrotas dos candidatos Edison Lobão e Sarney Filho ao Senado.

Eleições são ciclos. Isso acontece no Espírito Santo com a volta (pela segunda vez) do governador eleito Renato Casagrande (PSB), num constante revezamento de cargos ao Executivo e ao Legislativo com o atual governador Paulo Hartung (MDB); no Piauí, com a eleição pela quarta vez do competente Wellington Fagundes (PT); da volta ao Senado do ex-governador e ex-senador Esperidião Amin (PP) em Santa Catarina; e também da volta ao Senado do hoje deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB), de Pernambuco. E mais um exemplo: a volta à Câmara de 18 ex-deputados.

Com longa experiência em cobertura jornalística no Congresso Nacional desde 1980 – até 2010 – já vi muito político ressurgir das cinzas, como Fênix, e voltar ao poder por cima da carne seca, como diz o ditado popular e deixar seus adversários espantados e surpresos.

Aquela velha frase do ex-governador Magalhães Pinto de que “política é que nem nuvem: você olha para o céu ela está de um jeito. Demorou um pouco, olhou de novo, ela está em outra posição” continua valendo. Hoje, um grupo está no poder. Amanhã será outro e assim sucessivamente.

Quem acerta é reeleito e aprovado pelo povo. Mas chega um dia que a casa cai, ou seja, que o povo abusa e quer renovar. É o caso do atual senador Marconi Perillo (PSDB) que já foi campeão de votos em Goiás. Foi governador, deixava o governo e ia para o Senado, deixava o Senado e ia para o governo. E agora não conseguiu nem se reeleger.

Enfim, os eleitos e vitoriosos devem aproveitar a boa fase e procurar realizar um bom trabalho em prol do povo, mas não tripudiar os adversários ou tentar massacrá-los. Até porque o adversário de hoje pode ser o aliado de amanhã. Exemplo: o ex-vice-governador do Pará, Zequinha Marinho (PSC) eleito na chapa com Simão Jatene (PSDB) em 2014, se desentendeu com o companheiro de chapa e foi para o lado da oposição, que lhe abriu as portas para disputar uma vaga ao Senado. O compromisso foi tão sério que o candidato a governador pelo MDB, Helder Barbalho, pedia voto para o pai dele, senador reeleito Jader Barbalho e para Zequinha Marinho nos comícios e nos programas de rádio e televisão. Resultado: Zequinha Marinho é agora senador eleito. Talvez se tivesse ficado no ninho tucano não se elegeria nem deputado federal, como aconteceu com a esposa dele, Júlia Marinho, que não voltará para a Câmara.

Há outros números exemplos, inclusive de adversários ferrenhos nas cúpulas em Brasília e aliados nos estados, para desespero dos mandantes dos partidos. Exemplo: aliança entre o PT e o PP, o PSDB e o PDT, o DEM e o próprio MDB. Enfim, alianças impossíveis no topo e possíveis na planície.

Então, pode ser que o clã Sarney fique quatro anos fora do poder, mas pode ser que alguns membros da família voltem por cima da carne seca daqui a quatro anos. Em política tudo pode acontecer.

Tiririca

O deputado que nas horas vagas vira palhaço para ganhar bons cachês, e é bom como humorista, mudou de ideia e resolveu se manter na política. No ano passado, Tiririca (PR-SP) discursou no plenário da Câmara e concedeu várias entrevistas, inclusive para este colunista, dizendo que estava envergonhado e que deixaria a vida pública, porque teria ficado decepcionado com tudo que viu na Câmara dos Deputados. Disse textualmente que iria cuidar de sua carreira profissional como humorista. Mas, não foi bem isso o que aconteceu. Ele mudou de ideia e se manteve na política.

Tiririca foi reeleito para o terceiro mandato em São Paulo. Não com as votações anteriores que ultrapassaram mais de 1 milhão de votos, mas com 445 mil 521 votos. Foi o quinto mais votado no estado de São Paulo. Já foi o primeiro e já foi segundo mais votado do país.

Defender Temer não foi bom..

Que o digam os deputados Darcísio Perondi (MDB-RS) e Beto Mansur (PP-SP) e o senador Romero Jucá (MDB-RR), que defenderam o governo Michel Temer com unhas e dentes no Congresso Nacional e quebraram a cara nas urnas. O povo disse não para eles.

Tiro errado

Já alguns políticos deram o tiro errado, isto é, alguns tinham uma reeleição garantida para a Câmara Federal e resolveram tentar o Senado, como é o caso do experiente Miro Teixeira (Rede), com 11 mandatos na Câmara até esta legislatura, e seu companheiro de bancada fluminense Chico Alencar (PSOL), ficaram no meio do caminho e não se elegeram. Assim como o deputado Sarney Filho, que poderia voltar para a Câmara tranquilamente pela oitava vez, mas resolveu tentar uma vaga no Senado. E no Pará, só para ilustrar, o ex-prefeito de Paragominas e deputado estadual por dois mandatos, Sidney Rosa (PSB), que voltaria tranquilamente para a Assembleia Legislativa do estado, arriscou voo mais alto e não conseguiu chegar ao Senado.

Bem sucedidos

Já outros deram o tiro certo e voltarão ao Poder Legislativo em 2019:  o senador Aécio Neves (PSDB-MG), mesmo que isolado e abandonado pelos tucanos maiores, se elegeu deputado federal, assim como a senadora Gleisi Hoffman (PT), do Paraná, que também conquistou uma vaga na Câmara e foi a terceira mais bem votada no estado com 212.513 votos. E mais um exemplo: o jovem deputado Marcos Rogério (DEM), que realizou um ótimo trabalho, se destacou na Câmara, e foi eleito senador por Rondônia. A outra vaga ficou com Confúcio Moura, que foi deputado federal por três mandatos, prefeito de Ariquemes e em abril deixou o cargo de governador de Rondônia, que exercia pela segunda vez, para disputar uma vaga no Senado e se deu bem. E o senador Ronaldo Caiado, que foi eleito governador de Goiás e a partir de 1º de janeiro de 2019 deixará a vaga no Senado para o felizardo suplente, o empresário Luiz Carlos do Carmo (MDB), que ganhará 4 anos de mandato de presente.

Enfim, as urnas deram o recado e que os eleitos façam um bom trabalho em seus estados. E que os perdedores, sacudam a poeira e deem a volta por cima nas próximas eleições.

Vou ali, mas volto quarta-feira que vem. É rapidinho. Um abraço e até lá.