Lima Rodrigues grava uma passagem para o programa Conexão Rural bem no centro da vila Cruzeiro do Sul, a famosa Quatro Bocas, no Pará
O mineiro Pedro José de Lemos, presidente da Associação Sul Paraense de Pecuaristas (Aspape), disse que a região das Quatro Bocas é muito forte na pecuária
O pecuarista João Guimarães Filho, que mora em Araguaína, mas tem fazenda no Pará, organizou o Circuito da Pecuária Lucrativa em cidades paraenses

Vila Cruzeiro do Sul, a famosa Quatro Bocas, no Pará, cresce a cada dia com o apoio de famílias maranhenses

O programa Conexão Rural, que produzo e apresento na Rede TV de Parauapebas e Marabá há mais de seis anos, tem mostrado a cada domingo o potencial econômico do sudeste do Pará na agropecuária, desde a agricultura familiar ao grande pecuarista ou produtor rural. O objetivo do programa é destacar sempre o crescimento das atividades da pecuária e da agricultura na região.

Na semana passada, seguindo este objetivo, a equipe do Conexão Rural foi conhecer o potencial econômico da Vila Cruzeiro do Sul, a famosa Quatro Bocas, que fica a 190 km de Marabá e a 160 km de Parauapebas, em estrada de chão e muita poeira nesta época do ano. Um detalhe curioso é que uma rua separa a vila entre dois municípios: de um lado a Cruzeiro do Sul pertence ao município de Itupiranga, e do outro, ao município de Marabá.

História da vila

De acordo com uma pesquisa feita pelo professor de História da Universidade Federal do Pará, Horleandro Sousa, e divulgada em maio de 2016, os primeiros habitantes da Vila Cruzeiro do Sul começaram a chegar ao local em 1974, e depois mais intensamente nas décadas de 1980 e 1990 vindo do Maranhão, Piauí, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Bahia.

Segundo o estudo, todos migraram para a vila em busca de terra para produzir e alguns atrás de emprego na serraria dos Irmãos Carneiro, que existia no local. A Serraria chegou a ter 650 funcionários, mas fechou em 2005.

Entre os migrantes, várias famílias são do Maranhão. A professora Deusilne de Carvalho Silva, por exemplo, nasceu na área rural de Amarante (MA). Aos 7 anos de idade seu pai decidiu vir morar no Pará em busca de melhoria de vida. À época, era ela e os irmãos Deusdete, Deusimar, Deusivaldo e Deusivânia. Depois, nasceram outros irmãos no Pará. O pai dela era o administrador de uma fazenda. Vieram e venceram. Conquistaram seus pedaços de terra e vivem tranquilos atualmente.

Em entrevista ao professor Horleandro, a professora Deusilene explicou como a família dela veio do Maranhão para a região das Quatro Bocas. “Os meus pais vieram em busca de uma vida melhor, porque eles moravam lá no Maranhão sempre trabalhando em fazenda. Como o irmão dele já tinha vindo embora pra cá e chegou lá contanto que o Pará era o melhor lugar do mundo para se viver, convenceu meu pai para vir para a vila Cruzeiro do Sul”, disse ela.

Assim como a família da professora Deusilene, inúmeras famílias mineiras, goianas, baianas, tocantinenses, capixabas e piauienses também contribuíram e contribuem para o desenvolvimento da importante vila Cruzeiro do Sul, mais conhecida por Quatro Bocas, especialmente na área da pecuária.

Acesso difícil

O acesso às Quatro Bocas era muito difícil. No inverno, as famílias enfrentavam muita lama e atoleiros por estradas vicinais para chegar à vila objetivando melhoria de vida. Hoje, mesmo no chão, a estrada de acesso as Quatro Bocas melhorou bastante.

Economia

A economia da vila é constituída pela pecuária, agricultura e um comércio bem diversificado, com lojas de segmentos variados: supermercados, postos de combustíveis, oficinas de motos e carros, clínica odontológica, hotéis, farmácias, entre outros.

Leite e gado

Segundo informações da Associação Sul Paraense de Pecuaristas (Aspape), são produzidos por dia na área das Quatro Bocas 1.140 mil litros de leite, ou seja, algo em torno de 38 mil litros de leite mensalmente, movimentando quase 1 milhão de reais por mês só com a produção de leite. Existem três laticínios e 6 fábricas de queijos na vila.

Aqui o nosso forte é a pecuária. A agricultura ainda está engatinhando Por dia, saem de fazendas aqui na região das Quatro Bocas, cerca de 540 cabeças de gado para frigoríficos de Imperatriz, Marabá (PA), Castanhal (PA) e Xinguara (PA). Isto representa uma movimentação financeira de cerca de R$ 39 milhões por mês”, destacou o pecuarista Armando Machado, que é tesoureiro da Aspape e veio de Minas Gerais para o Pará há cerca de 20 anos.

O empresário e pecuarista José Odílio de Oliveira, também veio de Minas Gerais ainda jovem, morou 16 anos em Canaã dos Carajás (PA), e está há mais de quinze anos na vila Cruzeiro do Sul, criando nelore mocho e administrando um hotel, com o apoio da família.  “Ficamos sabendo que as terras das Quatro Bocas eram boas e viemos em busca de melhora de vida. Graças a Deus deu tudo certo e estamos aqui atuando na pecuária e no ramo da hotelaria e contribuindo para o desenvolvimento da vila”, afirmou o mineiro José Odílio.

Criação de bezerro

Na Fazenda Vale do Rio Preto, a dois quilômetros e meio da vila Cruzeiro do Sul, o pecuarista Deivi Corrêa da Mota, que mora em Parauapebas, cria dois mil e duzentos bezerros da raça nelore e depois termina de engordar os animais na outra fazenda que ele tem no município de Curionópolis (PA).

Deivi declarou que está satisfeito em investir na área porque a terra é muito boa e  promissora e, também, por contribuir para o desenvolvimento da região. “Nós tínhamos uma fazenda na região de Canaã dos Carajás, vendemos para a Vale e resolvemos investir aqui nas Quatro Bocas e em outra fazenda no município de Curionópolis, já na divisa com Canaã. A região da Cruzeiro do Sul tem atraído muita gente de Parauapebas, Canaã dos Carajás e Eldorado do Carajás porque é muito forte na pecuária”, disse ele.

O pecuarista Pedro José de Campos, presidente da Associação Sul Paraense de Pecuaristas (Aspape), veio de Minas Gerais em 1976 para a região de Alvorada, no Tocantins, e chegou à região das Quatro Bocas em 1999.  “Aqui a terra é muito boa e por isso tem atraído pecuaristas de vários pontos do Pará e do Brasil”, afirmou Pedro José, acrescentando que “valeu a pena ter vindo de Minas para o Pará”.

Circuito da Pecuária Lucrativa

Durante a visita da equipe do Conexão Rural à região, na vila Cruzeiro do Sul foi realizado o encerramento do Circuito da Pecuária Lucrativa do Norte do Brasil. O evento reuniu produtores rurais da região das Quatro Bocas interessados em aumentar a produtividade e a lucratividade de suas fazendas.

O circuito foi organizado pelo pecuarista goiano João Guimarães Filho, proprietário da Nelore Água Fria, de Xinguara, em parceria com a Cargill, tradicional empresa que atua na linha de nutrição animal. O Circuito paraense ocorreu em Uruará, Altamira, Pacajá e na vila Cruzeiro do Sul.

A família de João Guimarães chegou à região de Araguaína (TO) em 1976 e depois passou a investir no ramo da pecuária também no Pará.

Palestra

O zootecnista Pedro Veiga abordou o tema “Lucratividade e Produtividade” e mostrou aos pecuaristas a importância de se investir em tecnologia e obter mais ganhos com a pecuária.

Leilão comercial

O Conexão Rural acompanhou também a realização de um leilão comercial promovido pela Aspape, com o apoio da Disbrava Chevrolet, que ofereceu quatro costelas de vaca, preparadas com todo carinho pelo experiente empresário e churrasqueiro Eurides Júnior, de Marabá.

Segundo o tesoureiro da Aspape, Armando Machado, quase todo mês são promovidos leilões na vila Cruzeiro do Sul e sempre com a realização de grandes negócios envolvendo os pecuaristas da região sudeste sudeste do Pará.

Conexão Rural

Todos os detalhes do potencial econômico da Vila Cruzeiro do Sul, a pujante Quatro Bocas, foram apresentados no último domingo (8) no programa Conexão Rural na Rede TV de Parauapebas e de Marabá.

Boa semana a todos e até quarta-feira com saúde e paz.