“Belém, Belém acordou a feira
Que é bem na beira do Guajará
Belém, Belém, menina morena
Vem ver-o-peso do meu cantar
Belém, Belém és minha bandeira
És a flor que cheira do Grão Pará”
Com um trecho da letra da música “Flor do Grão Pará”, do saudoso compositor e cantor Chico Sena, que foi sucesso nas vozes de Lucinha Bastos, Liah Soares e tantos outros cantores, faço hoje aqui na coluna uma homenagem à Feira do Ver-o-Peso, a maior feira ao ar livre da América Latina, por onde passam diariamente 50 mil pessoas e movimenta mais de R$ 1,3 milhão por dia, principalmente por causa da comercialização de pescado, com mais de 40 espécies de peixes.
Em 27 de março deste ano, a Feira do Ver-o-Peso completou 390 anos de fundação. O Mercado do Ver-o-Peso está localizado na Avenida Boulevard Castilho França, no bairro Cidade Velha, às margens da Baia do Guajará.
Estive em Belém na semana passada para participar do Publicom – Encontro de Comunicação de Jornalistas do Pará – e aproveitei para fazer uma ampla reportagem sobre a Feira do Ver-O-Peso para meu programa Conexão Rural, que produzo e apresento há quase seis anos na Rede TV de Parauapebas (PA).
A feira
Ponto turístico e cultural de Belém, é considerada a maior feira ao ar livre da América Latina. O Mercado do Ver-o-Peso abastece a cidade com variados tipos de gêneros alimentícios e ervas medicinais do interior paraense, fornecidas, principalmente, por via fluvial.
Cartão postal mais famoso de Belém, o complexo de feira e mercados surgiu em 1627. Já o mercado de peixes e de carnes foi inaugurado em 1901, e é um dos mercados públicos mais antigos do Brasil, ou seja, tem 116 anos. Antes mesmo de sua inauguração em 1901, o local já servia como um posto de fiscalização e tributos de gêneros trazidos para a sede das capitanias, Belém, denominada Casa de Haver o Peso, que também tinha como atividade o controle do peso dos produtos comercializados, daí vem o nome de ver o peso.
Toda a edificação de ferro foi trazida da Europa e a construção do mercado teve início em 1899. Todo o complexo arquitetônico e paisagístico é patrimônio histórico e foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e artístico Nacional em 1977.
Na feira ao ar livre, o visitante encontra verduras, legumes e raízes e diversas frutas, como manga, abacaxi, banana, maçã, morango, cupu e a famosa castanha do Pará, além da mais famosa de todos no Pará, o açaí. “Aqui eu criei minha família. Esta feira representa tudo em minha vida”, disse ao Conexão Rural o feirante Valdir da Silva Mendonça, de Sobral (CE), radicado em Belém há mais de 30 anos.
Há também na Feria do Ver-o-Peso uma ampla praça de alimentação. A dona Andaléia Maia Figueiredo trabalha lá há 15 anos e vende pratos feitos com peixes da região. “Aqui vendemos peixes saborosos fritos, assados e de caldo, de acordo com o gosto do freguês. Nada melhor do que um peixe frito com açaí”, disse ela.
O aposentado paraense Alberto Santos, de 69 anos, revelou que desde criança frequenta a feira mais famosa do Brasil. “Desde criança vinha para cá com meus pais. Aqui tem tudo e sempre é muito bom fazer compras no Ver-o-Peso”, destacou.
No Ver-o-Peso os turistas e visitantes se encantam com o artesanato paraense feito com o tradicional meriti, além das famosas cerâmicas marajoaras. Há ainda farinhas de diversos tipos. O paraense adora uma farinha. O camarão vem de Fortaleza e na feira há barracas especializadas no delicioso crustáceo.
O artista de rua Edson Albuquerque veio de Santarém, no interior do estado, e está morando há um ano em Belém. Quase todo dia ele se apresenta na feira com sua bela música e ganha algum dinheiro oferecido pelos feirantes e turistas.
As barracas de perfumes e ervas medicinais são um destaque à parte na feira e uma das feirantes mais famosas é a paraense da gema, Beth Cheirosinha, que vende 80 tipos de ervas medicinais em sua barraca. Ela já concedeu inúmeras entrevistas para programas de televisão do Brasil e do exterior e já foi tema de reportagens em vários jornais do país, por causa de seu jeito alegre e descontraído de vender suas ervas e perfumes. “A primeira barraca foi montada pela minha avó, passou para minha mãe e há 39 anos está sob meu comando”, informou Beth Cheirosinha.
O “Seu” Xisto da Silva Brito, de 79 anos, é o mais antigo vendedor de peixe da Feira do Ver-o-Peso. Ele vende peixes de várias espécies e é uma figura bastante querida por todos no mercado do peixe.
Ao lado da feira do açaí e no cais do porto, onde os barcos dos pescadores ficam ancorados, os urubus e garças se alimentam embelezando ainda mais o complexo da feira do ver o peso. E como diz a cantora paraense Dona Onete, sucesso do momento:
“A garça namoradeira
Namora o malandro do urubu
Eles passam a tarde inteira
Causando o maior rebu
Na doca do Ver-o-Peso
No meio do Pitiú, no meio do Pitiú
Eu fui cantar carimbó
Lá no Ver-o-Peso
Urubu sobrevoando
Eu logo pude prever
Parece que vai chover
Parece que vai chover
Depois que a chuva passar
Vou cantar carimbó pra você” (...)
O secretário estadual de Turismo, Adenauer Góes, disse que a Feira do Ver-o-Peso é muito importante para a economia do Pará. “Por lá passam mais de 50 mil pessoas diariamente e a feira atrai milhares de turistas do Brasil e do exterior. É o nosso cartão postal mais famoso do estado”, afirmou.
Vale lembrar que o “Complexo do Ver-o-Peso” inclui ainda a Feira do Açaí, que por ser tão grande, fica em uma área separada ao lado do mercado de peixes e que será tema de outra reportagem futuramente. (Com informações complementares da Wikipédia)
Publicom 2017 encerra com premiação e show de Trio Manari e Dona Onete
Shows, debates, premiação e reflexões sobre o mundo contemporâneo marcaram os dois dias do Encontro de Comunicação da Amazônia (Publicom) que na terça e quarta-feira, 14 e 15, lotaram o Teatro Maria Sylvia Nunes, na Estação das Docas. Nestes dois dias, mais de duas mil pessoas, entre estudantes e profissionais da área da comunicação puderam trocar experiências e ouvir renomados profissionais da área. Neste ano, o Publicom também comemorou os 30 anos da Fundação de Telecomunicações do Pará (Funtelpa) e levou Dona Onete e Trio Manari para a fortaleza de São Pedro Nolasco como encerramento da programação.
Na palestra “A inovação radical e a era dos valores”, que encerrou as palestras do Publicom 2017, o pesquisador Gil Giardelli refletiu sobre os tempos de mudança veloz na comunicação, que é chamada de quarta revolução industrial, onde as transformações que ocorreram após a Segunda Guerra Mundial já não cabem. “É uma sociedade rede onde conceitos como Organização Mundial de Saúde, Organização das Nações Unidas e Organização Mundial do Comércio já não fazem mais sentido”. Para esta discussão ele levou exemplos de construção de uma nova humanidade, onde quem não estiver preparado vai estar fora da economia e deste novo mundo.
Premiação
Neste último dia de Publicom Belém 2017 o público pôde conhecer o resultado da 4ª edição do “Prêmio de Jornalismo em Turismo Comendador Marques dos Reis”, iniciativa da Associação Brasileira de Jornalistas de Turismo do Pará (Abrajet Pará), com o apoio das Secretarias de Turismo e Comunicação, da Abrajet Nacional e do Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor/PA).
Para o secretário adjunto de Comunicação, Samuel Mota, o Publicom 2017 é uma prova da dimensão que o evento alcançou. Ele destacou que a grande participação de universitários, 85% do público, surpreendeu a organização. “Um ponto forte foi a interregionalidade e o aprendizado proporcionado ao grande público de estudantes. Um sucesso”, ressaltou. (Fonte: Agência Pará)
Boa semana a todos e até quarta-feira, com saúde e paz.
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